RSS

Atenção professores de Língua Portuguesa! Vejam essas dicas...

Concordância nominal

Alfredina Nery*
Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação

Objetivos

1) Compreender que a concordância nominal é um dos elementos dos padrões da escrita;
2) Refletir sobre os usos da concordância nominal na produção de textos (orais e escritos).

Desenvolvimento

1) Para que os alunos saibam (ou relembrem) que a concordância é a combinação das palavras na frase, converse com eles, primeiramente, sobre a concordância nominal: quando o substantivo concorda com seu determinante (artigo, numeral, adjetivo, pronome adjetivo).
Comece a reflexão discutindo alguns usos, como, por exemplo: 
a) "Os menino vieram tarde demais ontem à noite". 
b) "Aquelas tardes quentes eram maravilhosas". 
É possível dizer que as duas frases acima têm modos diferentes de fazer a concordância nominal. 
Na primeira frase a marca de plural está garantida no primeiro elemento ("Os"), sem que seja necessário colocar o segundo ("menino") também no plural. Explique aos alunos que esse uso é bem mais comum do que a gramática normativa desejaria. Muitos de nós, em situações de fala do dia-a-dia, também usamos formas como essa, sem, muitas vezes, nos darmos conta disso.
2) Ouça com eles a canção "Cuitelinho"  (de domínio popular) e vejam como são os usos da concordância nominal em sua letra: 
Cheguei na bera do porto
onde as onda se espaia.
As garça  meia volta,
senta na bera da praia.
E o cuitelinho não gosta
que o botão de rosa caia.
Quando eu vim de minha terra,
despedi da parentaia.
Eu entrei no Mato Grosso,
dei em terras paraguaia.
Lá tinha revolução,
enfrentei fortes bataia.
A tua saudade corta
como o aço de navaia.
Coração fica aflito,
bate uma, a outra faia.
E os óio se enche d’água
que até a vista se atrapaia.

3) Problematize com os alunos os usos da concordância na canção, esclarecendo que a variação lingüística usada é peculiar de certas regiões do Brasil e de alguns setores sociais.
No entanto, isso não é demonstração de "burrice" ou "ignorância", pois há toda uma lógica lingüística que se traduz em uma regra gramatical que não se altera: o plural é sempre feito no primeiro elemento, como que dizendo que a idéia está pluralizada e que, portanto, não há necessidade de marcar o plural duas ou mais vezes. É mais econômico, não é mesmo?
Alguns lingüistas chamam esse uso de "eliminação de marcas de plural redundantes".
4) Peça aos alunos que pesquisem os diferentes usos orais da concordância nominal para que comprovem o quanto essa regra de plural no primeiro elemento é bem comum quando falamos, comprovando que se fala de um jeito e se escreve de outro.
5) Retomando a segunda frase "Aquelas tardes quentes erammaravilhosas", enfatize aos alunos que, nesse caso, diferentemente da primeira, todas as palavras adjetivas, ou seja, o pronome demonstrativo ("Aquelas") e os adjetivos ("quentes"; "maravilhosas") concordam com o substantivo "tardes". Assim, porque o substantivo é feminino e está no plural, os seus determinantes (pronome e adjetivos) também estão no feminino e no plural. Em textos escritos, cujos padrões são mais rígidos, a concordância é exigida, tendo em vista regras convencionadas socialmente e registradas na gramática normativa.
6) No que se refere à concordância nominal, esclareça aos alunos que a gramática normativa traz uma regra geral: o adjetivo e as palavras adjetivas (artigo, numeral, pronome adjetivo) concordam em gênero e número com o nome/substantivo a que se referem.
7) Discuta, em seguida, alguns casos específicos e dê alguns exemplos, como no quadro abaixo:
Regras
Exemplos
Um só adjetivo que qualifica mais de um substantivo, e vem anteposto a esse, concorda com o mais próximo Estava calma a cidade e a minha alma.
Um só adjetivo que qualifica mais de um
substantivo e vem posposto a esse, concorda com o mais próximo posposto ou vai para o plural.
Era mesmo sabedoria e conhecimento acumulado.
Era mesmo sabedoria e conhecimento acumulados.
Um só substantivo e mais de um adjetivo;
-o substantivo vai para o singular e repete-se o artigo;
-o substantivo vai para o plural e não se
repete o artigo
O ídolo conquistou a platéia paulista e a baiana.
O ídolo conquistou as platéias paulista e baiana.
Verbo “ser” mais um adjetivo, formando
uma expressão:
-sujeito com artigo, a expressão concorda
com o sujeito
-sujeito sem artigo, a expressão fica invariável.

É necessária a solidariedade.
É necessário solidariedade.
Bastante/bastantes]
-“Bastante” sendo invariável, refere-se a verbo ou a adjetivo
-“Bastante” é adjetivo e, portanto, variável
quando se refere ao substantivo.
Gostaram bastante da comida.
Há bastantes razões para não irmos
obrigado/incluso/quite/mesmo/próprio são
todos adjetivos e concordam com o nome
a que se referem.
Obrigada, falou ela/Obrigado, falou ele.
Eu estou quite com você/ Nós estamos quites
com você.
Anexo também é adjetivo e concorda com
o nome a que se refere.
OBS.: “Em anexo” é expressão invariável.
Seguem anexas as listagens.
Em anexo, seguem as listagens.
As palavras “alerta”, “menos” são invariáveis.Havia menos crianças na escola.
Todos permaneceram alerta.

*Alfredina Nery é professora universitária, consultora pedagógica e docente de cursos de formação continuada para professores na área de língua, linguagem e leitura

  • Digg
  • Del.icio.us
  • StumbleUpon
  • Reddit
  • RSS

0 comentários: