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Língua Portuguesa: Dúvidas frequentes.

1ª) ALUGA-SE ou ALUGAM-SE apartamentos?
A partícula SE é apassivadora. Isso significa que a frase está na voz passiva (=sujeito “sofre” a ação verbal). Apartamentos é o sujeito e está no plural. Portanto, o certo é:
“ALUGAM-SE apartamentos.”
É um caso de voz passiva sintética ou pronominal. Corresponde a “Apartamentos SÃO ALUGADOS”.
Quando vejo escrito numa placa “CONCERTA-SE bicicletas”, primeiro fico imaginando uma “sinfonia” de bicicletas e, depois, a necessidade de CONSERTAR a plaquinha. O certo é: “CONSERTAM-SE bicicletas” (=”bicicletas SÃO CONSERTADAS”).
A partícula SE é apassivadora sempre que houver um “objeto direto” para se transformar em sujeito passivo. O verbo deve concordar com o sujeito:
“VENDE-SE este carro.” (este carro = sujeito no singular);
“VENDEM-SE automóveis.” (automóveis = sujeito plural).
Se NÃO houver “objeto direto” para virar “sujeito passivo”, a partícula SE é indeterminante do sujeito. O sujeito é indeterminado e o verbo concorda no singular:
“PRECISA-SE de operários.” (de operários = objeto indireto);
“VIVE-SE mal nesta cidade.” (mal e nesta cidade = adjuntos adverbiais).
Vejamos mais exemplos:

1. Partícula Apassivadora:
“Apresentaram a ideia de SE CONVOCAREM mulheres e seminaristas para um serviço militar obrigatório.” (=”…a ideia de mulheres e seminaristas SEREM CONVOCADOS…”)
“Cada vez mais SE FAZEM diagnósticos do vírus.” (=”Cada vez mais diagnósticos do vírus SÃO FEITOS.”)
“Não estamos contra que SE TAXEM as propriedades improdutivas.” (=”…que as propriedades improdutivas SEJAM TAXADAS.”)
“Não SE PERCEBERAM ainda todos os erros.” (=Todos os erros ainda não FORAM PERCEBIDOS.”)
“DEVEM-SE EVITAR as formas rebuscadas.” (=As formas rebuscadas DEVEM SER EVITADAS.”)
“Estas são as metas que SE DEVEM ATINGIR.” (=Estas são as metas que DEVEM SER ATINGIDAS.”).

2. Partícula de Indeterminação do Sujeito:
“Não SE NECESSITA mais de todos esses dados.”
“É necessário que SE RECORRA a soluções de impacto.”
“Não SE ACREDITA mais em marcas nacionais.”

2ª) A frase “Cumpre que se faça concessões quando se tratam de assuntos políticos” está correta?
A frase está errada.
São dois erros de concordância.
No primeiro caso, o verbo FAZER é transitivo direto (=quem faz faz alguma coisa). A partícula SE é apassivadora. O sujeito da voz passiva (=quem sofre a ação verbal) é CONCESSÕES (=plural). O verbo deveria concordar no plural: “Cumpre que se FAÇAM concessões…” (Cumpre que concessões SEJAM FEITAS…).
No segundo caso, o verbo TRATAR é transitivo indireto (= quem trata trata DE alguma coisa). Nesse caso, a partícula SE não é apassivadora. O verbo deve concordar no singular: “…quando se TRATA de assuntos políticos”.
Portanto, a frase correta é: “Cumpre que se FAÇAM concessões quando se TRATA de assuntos políticos.”

3ª) BUJÃO ou BOTIJÃO?
BUJÃO (do francês bouchon) é uma bucha com que se tapam buracos ou tampa de atarrachar. No sentido de recipiente metálico, usado para armazenar produtos voláteis, prefiro a forma BOTIJÃO.
O dicionário Aurélio considera bujão sinônimo de BOTIJÃO, entretanto é importante lembrar que bujão, no sentido de BOTIJÃO, é uma corruptela (=palavra que se corrompe foneticamente). As corruptelas, em geral, são formas características da linguagem popular: milico (de militar), maraca (de Maracanã), buteco (de botequim), fusca (de Volkswagen)…

4ª) MAL ou MAU?
1)    MAU é adjetivo e se opõe a BOM:
“Ele é um MAU profissional.” (x BOM profissional);
“Ele está de MAU humor. “ (x BOM humor);
“O lobo MAU…” (x O lobo BOM…)
2)    MAL pode ser:
a)    advérbio (=opõe-se a BEM):
“Ele está trabalhando MAL.” (x trabalhando BEM);
“Ele foi MAL treinado.” (x BEM treinado);
“Ele se comportou muito MAL.” (x se comportou muito BEM)
b)    conjunção (=logo que, assim que, quando):
“MAL você chegou, todos se levantaram.” (=assim que você chegou);
“MAL saiu de casa, foi assaltado.” (=logo que saiu de casa)
c)    substantivo (=doença, defeito, problema):
“Ele está com um MAL incurável.” (=doença);
“O seu MAL é não ouvir os outros.” (=defeito).

Blog do prof. Sérgio Nogueira

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