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Língua Portuguesa: Dúvidas e questões etmológicas


O uso do ETC.
O famoso “etc” é abreviatura de et caetera, expressão latina que significa “e outras coisas”. Vamos, então, tirar algumas dúvidas:

1) Exatamente porque a expressão contém o “e”, NÃO há necessidade de usarmos a conjunção “e” antes do “etc”:
“Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas e etc.”
Basta: “…um casaco, uma gravata, duas camisas etc.”

2) Ainda por causa da presença do “e”, alguns autores condenam o uso da vírgula antes do “etc”:
“Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas etc.”
Outros, porém, entendem que o “etc” é um elemento da numeração. Mereceria, assim, a vírgula:
“Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas, etc.”
Estamos diante de um caso polêmico. É importante observar, no
entanto, que, no Formulário Ortográfico, sempre aparece a vírgula
antes do “etc”. Agora, você decide.

3) Não há a necessidade de usarmos RETICÊNCIAS após o “etc”:
“Comprei um casaco, uma gravata, duas camisas etc…”
Ou você usa “etc” ou RETICÊNCIAS.
Pior são os “enfáticos”: ” e etc……”

4) É “ridículo” usarmos o “etc” após um único elemento:
“A violência urbana tem várias causas: a fome e etc.”

5) Não devemos usar o “etc” para “pessoas”, pois significa “e as demais coisas”:
“Compareceram à reunião o presidente, os diretores, alguns supervisores etc.”
Isso significaria: “o presidente, os diretores, alguns supervisores e outras COISAS“.

De segunda À ou A sexta-feira?
O certo é “de segunda a sexta-feira”.
Não ocorre a crase por um motivo muito simples: não há artigo definido antes de sexta-feira. Prova disso é que antes de segunda-feira, usamos somente a preposição “de”. Se houvesse um artigo para definir o dia da semana, deveríamos usar “da” (preposição “de” + artigo “a”).
Só haverá crase quando definirmos os dias da semana. Por exemplo: “O torneio vai da próxima segunda à sexta-feira.” Nesse caso, estamos definindo qual é a segunda-feira e qual é a sexta-feira.
Entretanto, geralmente a ideia é indefinida. Então, não esqueça: “de segunda a quinta”, “de terça a sexta”, “de quarta a sábado”, “de segunda a domingo”…

Curiosidades etimológicas
Vamos analisar aqui mais algumas curiosidades semânticas. Embora seja um assunto polêmico, é sempre interessante observar, por exemplo, a transformação das palavras.
Antes de tudo, quero deixar claro que, na minha opinião, não se trata de uma questão do tipo “está falando certo ou errado”, e sim se o uso da palavra está adequado ou não.
Certa vez, um colega nosso defendia o uso da palavra MEDÍOCRE no sentido de “estar na média”, ou seja, devido à sua origem, “um desempenho medíocre” seria um “desempenho médio, dentro da média“. Discordo, pois a palavra MEDÍOCRE apresenta uma carga negativa, pejorativa. Um “desempenho medíocre” é um “desempenho abaixo da média, fraco, ridículo”.
Não quero, com isso, incentivar o desrespeito à etimologia, ao sentido original das palavras. Entretanto, devemos estar atentos às transformações. Além da significação etimológica, há aquela do dia a dia. O sentido das palavras e expressões, muitas vezes, é definido pelo uso cotidiano. Isso pode provocar ambiguidades (=duplo sentido) ou até o uso de palavras com significado oposto ao original.
É interessante lembrar o caso da palavra FORMIDÁVEL. A sua raiz latina significa “medo, terror, pavor”. Assim sendo, “um dia formidável” seria um dia “terrível, pavoroso”. Duvido que alguém desse essa interpretação. Hoje, sem dúvida, “um dia FORMIDÁVEL” é um dia “maravilhoso”. Temos aqui um exemplo de palavra que perdeu o seu sentido original e hoje apresenta um significado quase oposto.
Aproveitando o assunto, eu tenho cinco perguntinhas. Você não precisa responder. Basta pensar sobre o assunto.
1) Você está recebendo o seu SALÁRIO em sal?
2) A sua SECRETÁRIA é do tipo que guarda segredos?
3) Se o estudante é quem estuda, que faz um TRATANTE?
4) O seu RIVAL vive nas margens de que rio?
5) Você já viu algum FAMIGERADO de boa fama?
Quero, por fim, deixar aqui um abraço CORDIAL. Por falar nisso, você sabia que um abraço CORDIAL é “um abraço DE CORAÇÃO”. Vem do latim. Daí o famoso “saber de cor“, ou seja, “saber de coração”, e não “de cabeça”. Cabeça, em latim, era caput, por isso DECAPITAR, CAPUZ, CAPITAL, CAPITÃO… E é bom lembrar que cardio de CARDIOLOGIA também significa coração, mas vem do grego.
Tchau. Estou indo EMBORA. Só não sei se estou indo EM BOA HORA.

Prof. Sérgio Nogueira

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