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Dicas de Português.

1.    Os infinitivos devem flexionarem ou não flexionar???
Nas locuções verbais, usamos o infinitivo impessoal, ou seja,
aquele que não se flexiona nunca: “Os infinitivos não DEVEM FLEXIONAR-SE”; “Os alunos VÃO SAIR mais cedo”; “Os dois zagueiros PODEM SER expulsos”.
Devemos tomar um cuidado especial quando as palavras estão fora de lugar ou quando a locução verbal fica separada por uma intercalação qualquer: “As crianças FORAM todas TOMAR banho”; “Os políticos DEVERIAM, devido à urgência, ANALISAR melhor este caso”. De qualquer modo, o infinitivo, em locuções verbais, não se flexiona.
Fora das locuções verbais é que o infinitivo provoca problemas:
“Os técnicos estão aqui para RESOLVER ou RESOLVEREM o problema”???
Embora alguns autores aceitem a concordância no plural, eu sou a favor do uso do infinitivo não flexionado, ou seja, no singular. Existe uma antiga regrinha que defende o uso do infinitivo no singular sempre que o seu sujeito for o mesmo da oração anterior: 1ª oração: “Os técnicos estão aqui” (sujeito = os técnicos); 2ª oração: “para resolver o problema” (sujeito oculto = eles, os técnicos).
O infinitivo só é obrigado a se flexionar (=ir para o plural) se o seu sujeito for diferente do sujeito da oração anterior: “O diretor deu uma ordem expressa para os técnicos RESOLVEREM o problema ainda hoje”. Quem deu a ordem foi o diretor (= sujeito da primeira oração), mas quem vai resolver o problema são os técnicos (= sujeito da segunda oração).


2. Ele mandou as pessoas SAIR ou SAÍREM?

Eis um belo caso polêmico.
1) Há quem afirme que a flexão do infinitivo é obrigatória: “Mandou as pessoas saírem”. O argumento é simples: quem mandou foi “ele” (sujeito), mas quem vai sair são “as pessoas” (sujeito plural da segunda oração). Seria o mesmo caso de “Nós (sujeito) deixamos as secretárias (sujeito) resolverem o caso”.
2) Há quem defenda a tradição gramatical: após verbos causativos e sensitivos (=mandar, deixar, fazer, ver, ouvir), o infinitivo não se flexiona: “Ele mandou as pessoas sair” e “Nós deixamos as secretárias resolver o caso”.
3) A tendência da maioria dos estudiosos é aceitar as duas formas. Seria, portanto, um caso de concordância facultativa.
Esta dúvida é bem marcante quando o sujeito do infinitivo aparece anteposto (antes do infinitivo): “…mandou as pessoas sair ou saírem”; “…deixamos as secretárias resolver ou resolverem o caso”.
Quando o sujeito do infinitivo aparece posposto (depois do infinitivo) ou expresso por um pronome pessoal oblíquo, é flagrante a preferência pelo uso do infinitivo não flexionado: “Deixai VIR a mim as criancinhas”; “Ele mandou-as SAIR”.
Para facilitar nosso dia a dia, minha sugestão é a seguinte:
Se o sujeito vier claramente expresso antes do infinitivo, a concordância deve ser feita:
“O diretor mandou seus funcionários SAÍREM.”
“O plano fez preços DESPENCAREM.”
Se o sujeito não vier claramente expresso antes do infinitivo, a concordância é facultativa. A preferência é deixar o infinitivo no SINGULAR:
“Deixai VIR a mim as criancinhas.”
“Mandei ENTRAR todos os convidados.”
Se o sujeito do infinitivo for expresso por um pronome oblíquo (=os, as, nos…), devemos usar o verbo no SINGULAR:
“Mandei-os ENTRAR.”
“Ele não as deixou FALAR.”

3. A persistirem ou AO persistirem os sintomas…
Na televisão, após a propaganda de qualquer medicamento, aparece a seguinte mensagem: “A persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”. A dúvida surge porque, às vezes, a mensagem é: “Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”.
Leitores querem saber qual é a forma correta: “A persistirem os sintomas” ou “AO persistirem os sintomas”?
A minha preferência é “a persistirem os sintomas”, pois temos aqui uma ideia condicional: “se persistirem os sintomas”, “caso persistam os sintomas”.
Não é que a forma “ao persistirem os sintomas” esteja errada. Quando usamos a forma “ao” antes de verbo no infinitivo, temos uma ideia temporal, e não condicional. É como se disséssemos “quando os sintomas persistirem”. Seria semelhante ao caso de “ao sair, apague a luz”, ou seja “quando sair, apague a luz”.
O pecado maior, portanto, não é o fato de a frase estar certa ou errada, é a falta de clareza. Afinal, é para consultar o médico se os sintomas persistirem ou quando os sintomas persistirem?
É a mania de falar difícil. É o ultrapassado conceito de que falar bem é falar difícil. Seria muito mais simples e claro se a mensagem fosse: “se os sintomas continuarem, consulte um médico”.
Uma certeza, porém, todos nós devemos ter: consultar um médico.
Melhor mesmo é toda a população brasileira ter acesso a um médico e abandonar o perigoso hábito da automedicação. Sob orientação médica, os sintomas provavelmente não persistirão.

Fonte: Prof. Sérgio Nogueira

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