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Teste seus conhecimentos resolvendo 12 questões de interpretação de texto para o Enem. - Com gabarito




01. O texto a seguir foi extraído de um romance brasileiro. A partir de sua leitura, é possível extrair traços que permitam identificar o estilo literário a que pertence. Assinale a alternativa que indique esses traços e a escola a que o trecho pode ser filiada.

Caía a tarde.
No pequeno jardim da casa do Paquequer, uma linda moça se embalançava indolentemente numa rede de palha presa aos ramos de uma acácia silvestre, que estremecendo deixava cair algumas de suas flores miúdas e perfumadas.
Os grandes olhos azuis, meio cerrados, às vezes se abriam languidamente como para se embeberem de luz, e abaixavam de novo as pálpebras rosadas.
Os lábios vermelhos e úmidos pareciam uma flor da gardênia dos nossos campos, orvalhada pelo sereno da noite; o hálito doce e ligeiro exalava-se formando um sorriso. Sua tez(1), alva e pura como um froco(2) de algodão, tingia-se nas faces de uns longes(3) cor-de-rosa, que iam, desmaiando, morrer no colo de linhas suaves e delicadas.
O seu traje era do gosto mais mimoso e mais original que é possível conceber; mistura de luxo e simplicidade.
Tinha sobre o vestido branco de cassa(4) um ligeiro saiote de riço(5) azul apanhado à cintura por um broche; uma espécie de arminho(6) cor de pérola, feito com a penugem macia de certas aves, orlava(7) o talho(8) e as mangas, fazendo realçar a alvura de seus ombros e o harmonioso contorno de seu braço arqueado sobre o seio.
Os longos cabelos louros, enrolados negligentemente em ricas tranças, descobriam a fronte alva, e caíam em volta do pescoço presos por uma presilha finíssima de fios de palha cor de ouro, feita com uma arte e perfeição admirável.
A mãozinha afilada(9) brincava com um ramo de acácia que se curvava carregado de flores, e ao qual de vez em quando segurava-se para imprimir à rede uma doce oscilação. 

Notas: (1) pele; (2) floco; (3) tonalidades suaves; (4) tecido fino; (5) tecido de lã: (6) tipo de agasalho; (7) enfeitava; (8) corte (do vestido); (9) fina. 

a) A sensualidade e animalização que se associam à personagem evidenciam traços naturalistas.
b) A construção de uma imagem urbanizada e cosmopolita da figura feminina denuncia a estética modernista.
c) A colocação da personagem apenas como pretexto para tratar de aspectos da natureza revela o neoclassicismo.
d) A imagem espiritualizada da mulher, de franca inspiração religiosa, aponta para a estética barroca.
e) A idealização da mulher e seu envolvimento harmonioso com a natureza brasileira permitem aproximar a imagem do Romantismo. 

A tirinha a seguir serve de base para as questões 02 e 03. Observe-a com atenção:



02. Comparando a fala do primeiro balão com a do último, é CORRETO afirmar que:

a) há uma relação intertextual entre elas, embora haja diferenças de estrutura sintática entre uma e outra.
b) sob o ponto de vista conceitual, a expressão “lei da selva” tem uma extensão mais ampla que “lei da gravidade”, que tem sentido especializado.
c) a forma verbal “Lamento” sugere a relação respeitosa que as personagens estabelecem entre si na tirinha.
d) a conjunção “mas” poderia ser substituída, somente no primeiro quadrinho, porporém ou no entanto.
e) a expressão “lei da gravidade” não pode ser entendida, devido ao contexto sarcástico, como um termo técnico da Física. 

03. A imagem no segundo quadrinho 

a) comprova que a lei da selva é válida em todas as situações.
b) é incompatível com o que ocorreu no primeiro quadrinho.
c) reforça o lamento do gato no começo da tirinha.
d) permite ao rato fazer a observação que está no último balão.
e) mostra a indignação do rato para com a postura do gato. 

04. O fragmento seguinte foi extraído do poema “sida”, do poeta português Al Berto. Seu título é a sigla da doença Síndrome de Imuno-Deficiência Adquirida — que no Brasil é designada pelo correspondente em inglês AIDS. Leia-o e assinale a alternativa CORRETA sobre ele: 

aqueles que têm nome e nos telefonam
um dia emagrecem — partem
deixam-nos dobrados ao abandono
no interior duma dor inútil muda
e voraz
a) Os versos usam de humor para falar de um tema delicado.
b) O trecho trata da impotência humana diante da morte.
c) O texto faz uma crítica moralista da podridão humana.
d) O poema explora basicamente a decepção amorosa.
e) A crítica ao sistema de telemarketing mostra o caráter moderno do texto. 

05. Textos para a questão 

Texto 1

No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de troncos — cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos ânimos fortes, Temíveis na guerra, que em densas coortes Assombram das matas a imensa extensão.

São rudos1, severos, sedentos de glória,
Já prélios2 incitam, já cantam vitória,
Já meigos atendem à voz do cantor:
São todos Timbiras, guerreiros valentes!
Seu nome lá voa na boca das gentes,
Condão3 de prodígios, de glória e terror!
(DIAS, Gonçalves. “I-Juca-Pirama”.) 

Notas: 1) rudes; 2) guerras; 3) poder (entenda-se: o nome “Timbiras” teria o poder de evocar a fama de “prodígios, de glória e terror” atribuída a essa nação indígena). 

Texto 2

No fundo, que vem a ser o magnífico “I-Juca-Pirama”? É a idealização das próprias virtudes heróicas da nossa raça, não no complexo dos sentimentos que ali se exaltam, a das do índio — ser tão rude, tão elementar, símbolo da incongruência moral.
Sabemos perfeitamente e já o sabiam os descobridores: ele é uma criança que se vende ou vende os seus por um espelhinho, um berimbau ou um metro de baeta1.
Isolado sempre foi assim, e hoje coletivamente o é, nas malocas de pobre vencido, descrido2, muitas vezes reduzido a um bicho abjeto3, hidrópico4, por efeito do paludismo5, nas regiões ribeirinhas onde o mosquito anda em nuvens.
(VÍTOR, Nestor. “Macunaíma, o herói sem nenhum caráter”.
O Globo: Rio de Janeiro, 8/10/1928.) 

Notas: 1) tecido de algodão; 2) desacreditado; 3) desprezível; 4) portador de moléstia que se caracteriza pelo inchaço resultante da retenção de líquidos no organismo; 5) malária. 

Leia as asserções seguintes: 

I. Os dois textos apresentam visões bem diferentes a propósito da cultura e da condição dos povos indígenas.
II. O Texto 1 é um fragmento de poema que idealiza o índio como herói, de acordo com a visão típica do Romantismo, embora tal visão se baseie numa característica fundamental da cultura indígena: a de ser uma cultura de povos guerreiros.
III. O Texto 2 é um fragmento de crítica literária que apresenta a cultura dos povos indígenas e a condição do índio tal como se configuram de fato na vida real, de acordo com uma visão neutra e, até hoje, cientificamente válida.
IV. O Texto 2 compreende a cultura e a condição dos índios de modo preconceituoso, embora se fundamente em observações que podem corresponder, parcialmente, à condição degradada a que foram submetidos os povos indígenas no Brasil ao longo da história. 

É(são) correta(s) a(s) asserção(ões):
a) Apenas I e IV.
b) Apenas II, III e IV.
c) Apenas I, II e IV.
d) Nenhuma, exceto a I.
e) A II, exclusivamente. 

06. O texto a seguir pertence ao livro Infância (1945), de Graciliano Ramos. Leia-o e assinale a alternativa CORRETA sobre ele. 

O ponto de reunião e fuxicos era a sala de jantar, que, por duas portas, olhava o alpendre(1) e a cozinha. Como falavam muito alto, as pessoas se entendiam facilmente de uma peça para outra. Nos feixes de lenha arrumados junto ao fogão, na prensa de farinha, nos bancos duros que ladeavam a mesa, a gente se sentava e ouvia as emboanças(2) do criado, um caboclo besta e palrador(3). Rosenda lavadeira cachimbava e engomava roupa numa tábua. (…)
Vivíamos todos em grande mistura — e a sala de visitas era inútil, com as cadeiras pretas desocupadas, uma litografia(4) de S. João Batista e uma do inferno, o pequeno espelho de cristal que Amâncio, afilhado de meu pai, trouxera do Rio ao deixar o exército no posto de sargento. 

Notas: (1) varanda coberta; (2) conversas sem importância; (3) falante; (4) espécie de pintura. 

a) No trecho, o narrador estabelece uma relação contrastante entre dois espaços domésticos distintos.
b) Ao afirmar que a sala de jantar “olhava o alpendre e a cozinha”, o narrador cria uma metáfora da vigilância opressiva e autoritária sobre empregados.
c) A inutilidade atribuída à sala de visitas se explica pela condição de recolhimento em que vive a família do narrador, fechada em si mesma.
d) O narrador se coloca em uma postura objetiva, estabelecendo um distanciamento em relação ao espaço retratado.
e) A separação nítida entre espaços de patrões e de empregados funciona como evidência e denúncia do elitismo característico da família patriarcal nordestina. 

Textos para as questões 07 e 08 

Leia atentamente a tira do cartunista Laerte, publicada no jornal Folha de S. Paulode 25/03/2009, e a letra da canção “Maracangalha”, criada pelo compositor baiano Dorival Caymmi em 1956. 



Maracangalha
Dorival Caymmi
1 Eu vou pra Maracangalha
Eu vou!
3 Eu vou de uniforme branco
Eu vou!
5 Eu vou de chapéu de palha
Eu vou!
7 Eu vou convidar Anália
Eu vou!
9 Se Anália não quiser ir
Eu vou só!
11 Eu vou só!
Eu vou só!
13 Se Anália não quiser ir
Eu vou só!
15 Eu vou só!
Eu vou só sem Anália
17 Mas eu vou!...
Eu vou só!... 

07. Aponte a alternativa INCORRETA a respeito dos dois textos: 

a) Embora utilize uma outra linguagem, a tira estabelece uma clara relação intertextual com o conteúdo da canção, pois toma como reais as ações que o eu lírico da canção imaginara para seu futuro imediato.
b) Há uma evidente correspondência entre o sétimo verso da canção e o segundo quadrinho da tira.
c) Há uma evidente correspondência entre o primeiro verso da canção e o último quadrinho da tira.
d) A tira reconstrói a situação a que a canção se refere num cenário mais contemporâneo, conferindo um aspecto mais atual a elementos como os mencionados no terceiro e no quinto verso da canção.
e) As afirmações contidas nos cinco versos finais da canção são desmentidas pelo último quadrinho da tira. 

08. O terceiro verso da letra da canção de Caymmi aparece em algumas fontes de consulta grafado da seguinte maneira: 

“Eu vou de liforme branco”
Observe os comentários a seguir a respeito dos textos:
I. A grafia “liforme” busca imitar uma pronúncia popular de uniforme, reforçando o efeito de oralidade produzido por meio de formas como “pra” e pelas frases curtas e repetidas.
II. Os traços de coloquialidade presentes na canção colaboram para criar um efeito de verdade, uma impressão de sinceridade do poeta, o que é um traço dos textos em que predomina a função emotiva.
III. As manifestações de euforia do eu lírico na canção cedem lugar, na tirinha, para o pressentimento da personagem masculina, que está prestes a ver frustrada a sua aspiração de viajar com Anália.
Podem ser considerados corretos os comentários:
a) II, apenas.
b) I e II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III. 


09. Texto para a questão 




A charge acima, do cartunista Benett, foi publicada no jornal Gazeta do Povo em 29/12/2008. Marque a alternativa que a analisa equivocadamente:
a) A figura da caveira com a foice na mão representa o tema da morte.
b) Quando a caveira sai de férias, significa que o contexto é de paz.
c) A caveira sempre está de plantão, já que sempre ocorrem mortes.
d) Quando a caveira está de plantão o quadro é de guerra.
e) A charge faz alusão à guerra entre palestinos e judeus. 

10. Texto para a questão 

Conforme noticiado pelo jornal O Estado de S. Paulo de 2/5/2009 (p. B5), em conversa de Luiz Inácio Lula da Silva com diretores da Petrobras num evento comemorativo “do início da exploração do petróleo abaixo da camada de Sal, na área de Tupi — maior reserva descoberta no mundo nos últimos 30 anos —“, o presidente se expressou nos seguintes termos (com destaques nossos):
“Gente, estou aqui falando da nova era que tem início hoje, falando de uma transcendência incomensurável. (...) Vocês estão acreditando que estou dizendo isso? Nem eu estou crendo em mim mesmo. Agora há pouco falei concomitantemente, daqui a pouco vou falar em passant e ainda nem usei o sine qua non. Para quem tomou posse falando menas laranja tá bom demais.” 

Sobre os comentários de Lula, assinale a afirmativa incorreta:
a) Numa primeira leitura, tem-se a impressão de que o anafórico isso tem como referência a grande importância do momento histórico que motivou o evento.
b) Numa leitura mais atenta, percebe-se que isso tem como referência a expressão “transcendência incomensurável”, configurando uso de metalinguagem.
c) O próprio presidente faz humor sobre o grau de sofisticação que alcançou em matéria de linguagem.
d) Lula faz uma mistura inaceitável de variantes lingüísticas, ao juntar a expressão “menas laranja” com “transcendência incomensurável”.
e) Entre “concomitantemente”, “en passant” (do francês; “por alto”, “ligeiramente”) e “sine qua non” (do latim; “indispensável”, “imprescindível”), nota-se uma gradação ascendente, orientada para o mais sofisticado. 


Texto para as questões 11 e 12 

Modos de xingar
Biltre!
— O quê?
— Biltre! Sacripanta!
— Traduz isso para português.
— Traduzo coisa nenhuma. Além do mais, charro! Onagro!
Parei para escutar. As palavras estranhas jorravam do interior de um Ford de bigode. Quem as proferia era um senhor idoso, terno escuro, fisionomia respeitável, alterada pela indignação. Quem as recebia era um garotão de camisa esporte; dentes clarinhos emergindo da floresta capilar, no interior de um fusca. Desses casos de toda hora: o fusca bateu no Ford. Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório de xingamentos de seu tempo e de sua condição: professor, quem sabe? Leitor de Camilo Castelo Branco.
Os velhos xingamentos. Pessoas havia que se recusavam a usar o trivial das ruas e botequins, e iam pedir a Rui Barbosa, aos mestres da língua, expressões que castigassem fortemente o adversário (…). “Ladrão”, simplesmente, não convencia. Adotavam-se formas sofisticadas, como “ladravaz”, “ladroaço”. Muitos preferiam “larápio” (…)
(Carlos Drummond de Andrade, As palavras que ninguém diz. Record: Rio de Janeiro, 1997, p. 23-24.) 

11. A função da linguagem predominante no texto é a:

a) emotiva, já que a crônica exprime a subjetividade do cronista, por meio de adjetivos e da 1ª pessoa do singular.
b) apelativa, uma vez que o cronista indiretamente pede ao leitor que não use palavras difíceis.
c) referencial, visto que conta uma história com objetividade, usando a 3ª pessoa e palavras de sentido denotativo.
d) metalingüística, porque reflete sobre o próprio código, no caso, os diferentes usos da língua.
e) poética, pois foi escrita pelo poeta Carlos Drummond de Andrade, preocupado com a construção expressiva da mensagem. 

12. Marque a alternativa que analisa CORRETAMENTE as referências do texto às variantes lingüísticas: 

a) “Biltre” e “sacripanta” não são formas antigas de xingamento.
b) “Ladravaz” é um xingamento mais ofensivo do que “ladrão”.
c) “Charro” e “onagro” são modos de xingar utilizados tanto por jovens quanto por idosos.
d) Os modos de xingar não variam conforme a idade e a condição social de quem xinga.
e) Pelo modo de xingar é possível imaginar a idade e a condição social do falante.

GABARITO

01 -  Resposta: E - O trecho foi extraído do romance O guarani, de José de Alencar (Parte I, capítulo V, “Loura e morena”). Nele, a caracterização da personagem segue os princípios típicos da estética romântica: descritivismo, idealização, associação com a natureza, requinte vocabular, expressividade sentimental e subjetiva. 

02 –  Resposta: B - A expressão “lei da selva” é uma gíria, um regionalismo brasileiro que remete à tese de que o mais forte pode impor sua vontade aos mais fracos. No último quadrinho, essa expressão é substituída por “lei da gravidade”, que pertence ao universo teórico da Física e, como tal, apresenta maior precisão conceitual. 

03 -  Resposta: D - Quando, no segundo quadrinho, o gato quebra as telhas e cai, o rato pode fazer, no último quadrinho, o comentário de que a “lei da gravidade” é implacável. Assim, é a imagem da queda do felino que permite a piada no balão final da tirinha. 

04 -  Resposta: B - O poema “sida” foi publicado em Horto de incêndio (Ed.Assírio & Alvim, 1997). Dele, retirou-se a primeira estrofe, na qual o autor expressa a tristeza diante do desaparecimento de amigos, perdidos para a morte — explicitada no próprio título. 

05 - Resposta: C - Apesar de apresentar um retrato que, parcialmente, poderia corresponder a situações reais, a asserção III apresenta uma visão antropológica eurocêntrica e, ideologicamente, deformada pelos preconceitos culturais herdados do cientificismo do século XIX, que se apóia em teorias que consideravam os índios, no suposto processo evolutivo das sociedades humanas, como “crianças” desprovidas de congruência moral. Tal visão não pode ser caracterizada, hoje, como científica e, muito menos, neutra.


06 -  Resposta: A - O trecho foi extraído do capítulo “Padre João Inácio”, de Infância, de Graciliano Ramos. Nele, o narrador descreve dois ambientes, a sala de jantar (primeiro pará-grafo) e a de visitas (segundo parágrafo). Esta última é descrita como “inútil”, por se distanciar de sua função original de ambiente de convívio e de trocas afetivas — função cumprida, segundo o texto, pela sala de jantar, “ponto de reunião” e lugar onde “a gente se sentava ouvindo as emboanças do criado”.


07 - Resposta: E - Não há na tira nenhum indício de que a personagemmasculina deixará de embarcar no ônibus que está prestes a partir. Ao contrário, como a relação intertextual que se estabelece entre os textos é de acordo, fica sugerido que a personagem irá para Maracangalhamesmo que não consiga fazer o convite para Anália, tal como planejara.

08 - Resposta: E - Os três comentários estão corretos. A grafia “liforme”, não admitida pela norma padrão, realmente se aproxima da pronúncia popular da palavra, reforçando o efeito de oralidade da canção, na qual é evidente a exploração do universo emotivo do eu lírico, que expõe sua alegria eufórica diante da expectativa de ir para Maracangalha no futuro imediato. Na tira, predomina a apreensão do personagem que quer urgentemente fazer contato com Anália, que não estava em casa. 

09 - Resposta: C - É verdade que sempre ocorrem mortes. Mas num quadro de guerra, elas são mais freqüentes do que num quadro de paz. Por isso, no contexto, o fato de a caveira estar de plantão significa que irá trabalhar mais, porque ocorrerão mais mortes. A placa indicando “Gaza”, local em que moram palestinos, contextualiza a charge, apontando a zona de conflito com os judeus. Em 2008, o conflito se acentuou e foi deflagrada uma guerra entre eles, a que Benett faz alusão. 

10 – Resposta: D - Considerando a intenção evidente de fazer humor e de estabelecer uma relação de informalidade, a mistura de variantes se justifica.
   
11 - Resposta: D - A crônica, a começar pelo título, é uma reflexão sobre a linguagem — mais especificamente, sobre as diferentes maneiras de usar a língua. A função metalingüística se caracteriza pela reflexão sobre o próprio código: a linguagem sendo usada para fazer comentários sobre a própria linguagem.

12 - Resposta: E - O trecho “o velho usava o repertório de xingamentos de seu tempo e de sua condição social: professor, quem sabe? Leitor de Camilo Castelo Branco” indica que as maneiras de xingar variam conforme a idade e a condição social de quem xinga: uma pessoa mais velha e de mais cultura, no caso, usa um léxico mais sofisticado, um vocabulário mais pomposo.

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Entendendo as notas do ENEM



1 -Como tenho acesso às minhas notas no Enem? 

É preciso acessar o site do MEC. Para conferir os desempenhos individuais é preciso informar o CPF do candidato e a senha contida no Cartão de Confirmação, enviado aos inscritos pelos Correios, ou com o número de inscrição ao exame, mais a senha.

2 - Não lembro da minha senha. Como faço? 
É possível recuperá-la no próprio site do Inep: basta informar CPF, nome completo, unidade federativa e data de nascimento. É possível fazer o mesmo caso não se lembre do número de inscrição. Não é permitida a alteração de nenhum dado cadastral, nem mesmo a senha.

3 – Como são calculadas as notas do Enem? 
Em vez da soma simples do número de acertos, as notas são calculadas por um sistema de computador que dá uma pontuação diferente de acordo com o tipo da questão –isso é chamado de Teoria de Resposta ao Item (TRI). As perguntas da prova avaliam competências diferentes e têm graus de dificuldade variados também. As mais complexas valem mais. Por isso, o candidato não consegue chegar à nota da prova simplesmente somando as suas respostas certas.

4 – Qual é a nota mínima e a máxima em cada prova?

Cada prova tem uma nota mínima e uma máxima. O Inep divulgou essas notas na tarde desta quinta-feira (confira aqui). A escala não vai de 0 a 1.000, ela varia conforme o nível de dificuldade das questões e o desempenho dos estudantes para cada questão. A escala de uma prova mais fácil começa mais embaixo na escala, perto de 200, por exemplo. No caso, esse 200 seria a nota mais baixa tirada pelos candidatos naquela prova.

5 - Como sei, então, se fui bem na prova? 
500 é a média dos alunos concluintes no ano passado no Enem (excluidos treineiros e egressos). Quanto mais para cima de 500 você tiver tirado, melhor foi o seu desempenho. O inverso também vale: quanto mais abaixo de 500 tiver sido a sua nota, pior foi o seu resultado.

6 – Existe uma escala de proficiência, que dê para saber se a minha nota é boa ou não? 


7 – Existe uma média final? 
Não. O Inep divulgou as notas para cada prova e a redação. Assim, a instituição de ensino superior é que vai determinar quais provas vai considerar na sua seleção e os pesos para cada uma. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por exemplo, já divulgou os pesos que vai adotar.

8 - No lugar da minha nota em algumas provas, aparece um traço. O que isso quer dizer? 
Isso significa que essas provas foram anuladas porque não o candidato não informou na folha de respostas o tipo de prova que fez. Elas eram divididas por cor da capa (azul, amarelo, branco ou rosa) e os gabaritos eram diferentes.

9 - A nota da minha redação aparece zero - anulada. O que isso quer dizer? 
A nota da redação vai de 0 a 1.000. O critério de correção é o mesmo de anos anteriores. Tira zero o candidato que tiver fugido do tema ou que a redação esteja sem coerência ou não tenha sido escrita em forma de dissertação.

10 – É possível pedir revisão das provas? 
Não, as notas que estão na internet são as finais. 

11 – Como sei se vou ser aprovado na instituição que eu quero? 
O primeiro prazo de inscrições pelo Sistema de Seleção Unificada (SiSU) começa somente nesta sexta-feira (29) pelo site http://sisu.mec.gov.br/.

12 – Como vai funcionar o sistema de escolha de vaga na instituição? 


A seleção será dividida em três etapas. Na primeira, de 29/1 a 3/2, o candidato escolhe o curso que quer fazer. A cada dia, a partir do dia 30, o estudante vai saber qual a nota de corte do curso escolhido. Em cada etapa, o candidato vai poder optar por apenas um curso

13 - Quantas vagas estão em disputa pelo SiSU? 
São 47,9 mil vagas disponíveis em 51 instituições de ensino. Confira aqui quais são.

14 - E as outras instituições, públicas ou privadas, que vão usar o Enem?

O SiSU seleciona vagas somente nos cursos que têm o Enem como único processo seletivo. Outras instituições de ensino, que não aderiram ao SiSU, tanto públicas quanto particulares, vão adotar a nota do Enem conforme o seu critério: ou como parte da nota ou como primeira fase. O candidato deve ficar atento ao manual do vestibular de cada instituição.

15 - Vai ser divulgado um boletim de desempenho individual? 
O Inep ainda não sabe informar se o boletim será enviado pelo correio, como em anos anteriores. A maior possibilidade é que o candidato tenha acesso a um boletim em pdf na internet, mas ainda não tem data de quando isso deve acontecer.

16 - Há algum meio de tirar dúvidas com o Inep?

O candidato pode ligar para o telefone 0800-616161 ou mandar e-mail para faleconosco@inep.gov.br

ENCCEJA

17 – Qual a nota mínima para os candidatos de supletivo obterem o certificado de conclusão do ensino médio pelo Encceja? 
O Inep divulgará uma nota mínima de referencia a partir da semana que vem. No entanto, a nota final caberá a cada secretaria estadual de educação.

PROUNI

18 – Quando serão abertas as inscrições para o ProUni? 
Uma portaria com todas as regras deve ser publicada pelo Ministério da Educação até a semana que vem. 

19 – Qual será a nota mínima para o ProUni? 
Essa nota vai ser regulamentada pela portaria. Até o ano passado, a nota era 45, mas era para o Enem antigo. Neste ano, deve mudar.

20 – Onde posso obter mais informações sobre o ProUni? 
Quando a portaria tiver sido publicada, o candidato deverá acessar o site www.mec.gov.br, onde deverão estar todos os prazos de inscrição e de matrícula.
21 – Quantas vagas serão oferecidas pelo ProUni no primeiro semestre? 
A oferta será de 160 mil vagas. 


Fonte: G1

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CHARGES E TIRINHAS - ENEM E VESTIBULAR - EXERCÍCIOS





Analise a charge acima:
a) Que resposta o professor esperava ouvir?
b) Como a frase foi interpretada pelo aluno?
c) Qual a crítica implícita na resposta do aluno?


1- UNIFESP
Considere a charge









I. O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança.
II. Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no país.
III. Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere o aumento de idosos no país.
Está correto o que se afirma em
A) I apenas.
B) II apenas.
C) I e II apenas.
D) II e III apenas.
E) I, II e III.



2-UNIFESP



É correto afi rmar que a charge visa
A) apoiar a atitude dos alunos e propor a liberação geral da frequência às aulas.
B) enaltecer a escola brasileira e homenagear o trabalho docente.
C) indicar a defl agração de uma greve e incentivar a adesão a ela.
D) recriminar os alunos e declarar apoio à política educacional.
E) criticar a situação atual do ensino e denunciar a evasão escolar.

3- GV


I. A resposta esperada pela menina era “a rua”.
II. Na frase de Mafalda, no segundo quadrinho, Miguelito é o sujeito da oração.
III. Em português, o sujeito de uma oração pode ser inexistente, como em “Choveram reclamações na empresa por causa do apagão na Internet.”
IV. A resposta de Miguelito seria compatível com a pergunta:
Ao prefeito cabe que responsabilidade?
Pela leitura das afirmações, conclui-se que
A)nenhuma delas está correta. D) apenas III e IV estão corretas.
B) apenas I e III estão corretas. E) todas elas estão corretas.
C) apenas II e III estão corretas.







4-UFSCAR



Trata-se de uma charge publicada por um jornal brasileiro por ocasião da eleição do sul-coreano Ban Ki-Moon,
como presidente da ONU, e da realização de um teste nuclear a mando do ditador norte-coreano Kim Jong-il.
a) Como a diferença de emprego sintático do verbo vencer modifica o sentido das duas frases?
b) “Reconstrua” as duas frases, de maneira que os sentidos sugeridos pelas imagens fiquem, também, explí-
citos no texto escrito.


5- INSPER


O que motivou o apito do juiz foi
a) a necessidade de empregar a ênclise para seguir a norma-padrão.
b) o uso de um objeto direto no lugar de um objeto indireto.
c) a opção pelo pronome pessoal oblíquo “o” em vez de “a”.
d) a obrigatoriedade da mesóclise nessa construção linguística.
e) a transgressão às regras de concordância nominal relacionadas ao pronome.





6- INSPER


Para criticar a possível aprovação de um novo imposto pelos deputados, o cartunista adotou como estratégias
a) polissemia das palavras e onomatopeia.
b) traços caricaturais e eufemismo.
c) paradoxo e repetição de palavras.
d) metonímia e círculo vicioso.
e) preterição e prosopopeia.

7- UNIFESP


Analise as afirmações.
I. O efeito de humor da charge advém da ideia de engano na ligação, decorrente das diferentes formas para enunciar o mesmo nome.
II. Em determinados contextos comunicativos, Wilson e Wirso podem ser usados como formas equivalentes, dependendo da variante linguística de que se vale o falante em sua enunciação.
III. A frase — NÃO. É O WILSON. — manteria o sentido com a omissão do ponto após o advérbio não.
Está correto o que se afi rma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.

8- INSPER
Na edição 2177, de 11/08/2010, a revista Veja publicou a reportagem Falar e escrever bem: rumo à vitória,com dicas para não “tropeçar” no idioma durante uma entrevista de emprego.



Identifique a alternativa que apresenta uma explicação INADEQUADA para a correção feita.
a) Houve algumas dificuldades: o verbo “haver”, no sentido de “existir” é impessoal e não admite flexão.
b) O chefe bloqueou meu último pagamento: deve-se empregar um sinônimo, pois o verbo “reter” é defectivo.
c) Seguem anexos dois trabalhos: é preciso estar atento à concordância verbal e nominal.
d) Já faz cinco anos: quando indica tempo decorrido, o verbo “fazer” deve permanecer no singular.
e) Se eu dispuser de uma boa equipe: o verbo “dispor” deve seguir a conjugação do verbo “pôr”.

9- UNICAMP 2011



a) Nessa tira de Laerte a graça é produzida por um deslizamento de sentido. Qual é ele?
b) Descreva esse deslizamento quadro a quadro, mostrando a relação das imagens com o que é dito.

10- INSPER 2012
Leia a charge.




No contexto apresentado, o personagem expressa-se informalmente. Se sua frase fosse proferida em norma padrão da língua, assumiria a seguinte redação:A) Fazemos o seguinte: a gente ressuscita o Bin Laden e lhe matamos de novo.
B) A gente faz o seguinte: ressuscita o Bin Laden e lhe mata de novo.
C) Nós faremos o seguinte: ressuscitamos o Bin Laden e matamos ele de novo.
D) Façamos o seguinte: a gente ressuscitamos o Bin Laden e matamos de novo.
E) Façamos o seguinte: nós ressuscitamos o Bin Laden e o matamos de novo.

11- INSPER 2011




Levando em conta as informações do primeiro quadrinho, identifique a alternativa que apresenta a palavra
que também sofreu alterações na acentuação gráfica devido à regra mencionada.
a) plateia
b) heroico
c) gratuito
d) baiuca
e) caiu

12- UNICAMP





Nessa propaganda do dicionário Aurélio, a expressão “bom pra burro” é polissêmica, e remete a uma representação de dicionário.

a) Qual é essa representação? Ela é adequada ou inadequada? Justifique.
b) Explique como o uso da expressão “bom pra burro” produz humor nessa propaganda.

13- INSPER 2008




Levando-se em conta o emprego da crase no trecho “…não obedecia à minha mãe”, no último quadrinho da tirinha a seguir, é lingüisticamente adequado afirmar que ela é
a) necessária, pois nela ocorre a fusão de preposição “a” com pronome demonstrativo “a” e está diante de palavra feminina.
b) inadequada, uma vez que o verbo “obedecer” é transitivo direto e não admite preposição.
c) facultativa, pois, embora complete um verbo transitivo indireto, com preposição obrigatória, está diante de um pronome possessivo feminino.
d) obrigatória, por conter a junção da preposição “a” com artigo feminino “a” anteposta a um pronome.
e) incorreta, porque, independentemente do fato de ocorrer a fusão de preposição com artigo, nunca ocorre crase diante de pronomes.

14- UNIFESP
Texto I


Texto 2
Quando saltaram em terra começou a Maria a sentir certos enojos: foram os dois morar juntos: e daí a um mês manifestaram-se claramente os efeitos da pisadela e do beliscão; sete meses depois teve a Maria um filho (...) E este nascimento é certamente de tudo o que temos dito o que mais nos interessa, porque o menino de quem falamos é o herói desta história. (Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um Sargento de Milícias.)
01- Com base nas informações do texto 1, é correto afirmar que Leonardo
A) acreditava que a vida no Brasil poderia ser tão interessante quanto a de Portugal.
B) saiu de Portugal em companhia de sua namorada, Maria da Hortaliça.
C) buscava um ofício lucrativo e agradável no Brasil, como o que tinha em Portugal.
D) veio ao Brasil em razão de seu enfado com a vida que levava em Portugal.
E) via o Brasil como um lugar de raras chances de êxito pessoal.



15- UNICAMP 2ª FASE


É sabido que as histórias de Chico Bento são situadas no universo rural brasileiro.
a) Explique o recurso utilizado para caracterizar o modo de falar das personagens na tira.
b) É possível afirmar que esse modo de falar caracterizado na tira é exclusivo do universo ruralbrasileiro? Justifique.

16. Unifesp 2008

Considere o texto e analise as três afirmações seguintes.




I. A frase Toda criança deve ser assistida quanto ao seu direito à atenção e ao carinho dos adultosestá correta quanto aos sentidos propostos no texto e também quanto à regência.
II. Deve-se interpretar a referência do pronome você como criança, conforme sugerido pelo título do texto.
III. As duas orações que compõem as perguntas estabelecem entre si relação de adversidade.
Está correto apenas o que se afirma em
A) I. D) I e II.
B) II. E) II e III.
C) III.
17- GV 2011

Analise a tira.
Elas já querem mais festa

(Luís Fernando Veríssimo. As cobras do Veríssimo,
23.02.2007. Adaptado.)


Observe a função sintática da expressão “o carnaval”, no primeiro quadrinho, e de “adiamentos”, no segundo.
As palavras grifadas desempenham essas mesmas funções sintáticas, respectivamente, em:
A) Não temos mais desculpas. / Quando é a Páscoa?
B) Vamos enfrentar a realidade. / Não temos mais desculpas.
C) Vamos festejar a Páscoa. / Basta de preocupações.
D) Chega de reclamações. / Quando é o Carnaval?
E) Aproxima-se o Natal. / Basta de reclamações.


19-



Considere a charge





Analisando a charge, é correto afirmar que
I. A troca de uma letra e, consequentemente, de um fonema, é responsável por parte do efeito de humor do texto.
II. Em “Refém Casados”, há erro de concordância.
III. Supondo que duas pessoas tivessem seus direitos políticos suspensos, uma charge que pretendesse aproveitar a frase do vidro do veículo não alteraria a primeira palavra e sim a segunda, que seria grafada da seguinte forma: caçados.
IV. No contexto, não é possível depreender a referência do pronome este em neste estado.
Está correto apenas o que se afirma em
A) I e II. D) I, II e III.
B) II e III. E) II, III e IV.
C) III e IV.
21- UNICAMP 2010
Nessa propaganda, há uma interessante articulação entre palavras e imagens.



a) Explique como as imagens ajudam a estabelecer as relações metafóricas no enunciado “Mesmo que oglobo fosse quadrado, O GLOBO seria avançado”.b) Indique uma característica atribuída pela propaganda ao produto anunciado. Justifique
22- FUVEST 2009

23) a)Corrija o pronome demonsrativo "essa" dos dois quadrinhos abaixo e justifique sua resposta:
b) no segundo quadrinho qual palavra fica subentendida ?

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COLOCAÇÃO PRONOMINAL

Sobre os pronomes:

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo quando desempenha função de complemento. Vamos entender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na frase e que função exerce. Observe as orações:

1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia ajudá-lo.

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe” exercendo função de complemento, e consequentemente é do caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso, o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).

Importante: Em observação à segunda oração, o emprego do pronome oblíquo "lhe" é justificado antes do verbo intransitivo "ajudar" porque o pronome oblíquo pode estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo principal (no caso "ajudar ") estiver no infinitivo ou gerúndio.

Exemplo: Eu desejo lhe perguntar algo.
Eu estou perguntando-lhe algo.

Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição, diferentemente dos segundos que são sempre precedidos de preposição.

Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu estava fazendo.
Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o que eu estava fazendo.

Colocação pronominal

De acordo com as autoras Rose Jordão e Clenir Bellezi, a colocação pronominal é a posição que os pronomes pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao verbo a que se referem.

São pronomes oblíquos átonos: me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.

O pronome oblíquo átono pode assumir três posições na oração em relação ao verbo:
1. próclise: pronome antes do verbo
2. ênclise: pronome depois do verbo
3. mesóclise: pronome no meio do verbo

Próclise

A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:

• Palavras com sentido negativo:

Nada me faz querer sair dessa cama.
Não se trata de nenhuma novidade.

• Advérbios:

Nesta casa se fala alemão.
Naquele dia me falaram que a professora não veio.


• Pronomes relativos:

A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.

• Pronomes indefinidos:

Quem me disse isso?
Todos se comoveram durante o discurso de despedida.

• Pronomes demonstrativos:

Isso me deixa muito feliz!
Aquilo me incentivou a mudar de atitude!

• Preposição seguida de gerúndio:

Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais indicado à pesquisa escolar.

• Conjunção subordinativa:

Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

Ênclise

A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos átonos. A ênclise vai acontecer quando:

• O verbo estiver no imperativo afirmativo:

Amem-se uns aos outros.
Sigam-me e não terão derrotas.

• O verbo iniciar a oração:

Diga-lhe que está tudo bem.
Chamaram-me para ser sócio.

• O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da preposição "a":


Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.

• O verbo estiver no gerúndio:

Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreocupada.
Despediu-se, beijando-me a face.

• Houver vírgula ou pausa antes do verbo:

Se passar no vestibular em outra cidade, mudo-me no mesmo instante.
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas.

Mesóclise

A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado no futuro do presente ou no futuro do pretérito:

A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã.
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável.

Fonte: Brasil Escola

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A TEORIA BÁSICA DE PIAGET



Desde muito cedo Jean Piaget demonstrou sua capacidade de observação. Aos onze anos percebeu um melro albino em uma praça de sua cidade. A observação deste pássaro gerou seu primeiro trabalho científico. Formado em Biologia interessou-se por pesquisar sobre o desenvolvimento do conhecimento nos seres humanos. As teorias de Jean Piaget, portanto, tentam nos explicar como se desenvolve a inteligência nos seres humanos. Daí o nome dado a sua ciência de Epistemologia Genética, que é entendida como o estudo dos mecanismos do aumento dos conhecimentos. 
Convém esclarecer que as teorias de Piaget têm comprovação em bases científicas. Ou seja, ele não somente descreveu o processo de desenvolvimento da inteligência mas, experimentalmente, comprovou suas teses. 
Resumir a teoria de Jean Piaget não é uma tarefa fácil, pois sua obra tem mais páginas que a Enciclopédia Britânica. Desde que se interessou por desvendar o desenvolvimento da inteligência humana, Piaget trabalhou compulsivamente em seu objetivo, até às vésperas de sua morte, em 1980, aos oitenta e quatro anos, deixando escrito aproximadamente setenta livros e mais de quatrocentos artigos. Repassamos aqui algumas idéias centrais de sua teoria, com a colaboração do “Glossário de Termos”.






1 - A inteligência para Piaget é o mecanismo de adaptação do organismo a uma situação nova e, como tal, implica a construção contínua de novas estruturas. Esta adaptação refere-se ao mundo exterior, como toda adaptação biológica. Desta forma, os indivíduos se desenvolvem intelectualmente a partir de exercícios e estímulos oferecidos pelo meio que os cercam. O que vale também dizer que a inteligência humana pode ser exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades, que evolui "desde o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível das trocas simbólicas" (RAMOZZI-CHIAROTTINO apud CHIABAI, 1990, p. 3).






2 - Para Piaget o comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de condicionamentos. Para ele o comportamento é construído numa interação entre o meio e o indivíduo. Esta teoria epistemológica (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) é caracterizada como interacionista. A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio. Em outras palavras, quanto mais complexa for esta interação, mais “inteligente” será o indivíduo. As teorias piagetianas abrem campo de estudo não somente para a psicologia do desenvolvimento, mas também para a sociologia e para a antropologia, além de permitir que os pedagogos tracem uma metodologia baseada em suas descobertas.






3 - “Não existe estrutura sem gênese, nem gênese sem estrutura” (Piaget). Ou seja, a estrutura de maturação do indivíduo sofre um processo genético e a gênese depende de uma estrutura de maturação. Sua teoria nos mostra que o indivíduo só recebe um determinado conhecimento se estiver preparado para recebê-lo. Ou seja, se puder agir sobre o objeto de conhecimento para inserí-lo num sistema de relações. Não existe um novo conhecimento sem que o organismo tenha já um conhecimento anterior para poder assimilá-lo e transformá-lo. O que implica os dois pólos da atividade inteligente: assimilação e acomodação. É assimilação na medida em que incorpora a seus quadros todo o dado da experiência ou ëstruturação por incorporação da realidade exterior a formas devidas à atividade do sujeito (Piaget, 1982). É acomodação na medida em que a estrutura se modifica em função do meio, de suas variações. A adaptação intelectual constitui-se então em um "equilíbrio progressivo entre um mecanismo assimilador e uma acomodação complementar" (Piaget, 1982). Piaget situa, segundo Dolle, o problema epistemológico, o do conhecimento, ao nível de uma interação entre o sujeito e o objeto. E "essa dialética resolve todos os conflitos nascidos das teorias, associacionistas, empiristas, genéticas sem estrutura, estruturalistas sem gênese, etc. ... e permite seguir fases sucessivas da construção progressiva do conhecimento" (1974, p. 52).

4 - O desenvolvimento do indivíduo inicia-se no período intra-uterino e vai até aos 15 ou 16 anos. Piaget diz que a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando estruturas cada vez mais complexas. A construção da inteligência dá-se portanto em etapas sucessivas, com complexidades crescentes, encadeadas umas às outras. A isto Piaget chamou de “construtivismo sequencial”.

A seguir os períodos em que se dá este desenvolvimento motor, verbal e mental.

A. Período Sensório-Motor - do nascimento aos 2 anos, aproximadamente. 
A ausência da função semiótica é a principal característica deste período. A inteligência trabalha através das percepções (simbólico) e das ações (motor) através dos deslocamentos do próprio corpo. É uma inteligência iminentemente prática. Sua linguagem vai da ecolalia (repetição de sílabas) à palavra-frase ("água" para dizer que quer beber água) já que não representa mentalmente o objeto e as ações. Sua conduta social, neste período, é de isolamento e indiferenciação (o mundo é ele).

B. Período Simbólico - dos 2 anos aos 4 anos, aproximadamente. 
Neste período surge a função semiótica que permite o surgimento da linguagem, do desenho, da imitação, da dramatização, etc.. Podendo criar imagens mentais na ausência do objeto ou da ação é o período da fantasia, do faz de conta, do jogo simbólico. Com a capacidade de formar imagens mentais pode transformar o objeto numa satisfação de seu prazer (uma caixa de fósforo em carrinho, por exemplo). É também o período em que o indivíduo “dá alma” (animismo) aos objetos ("o carro do papai foi 'dormir' na garagem"). A linguagem está a nível de monólogo coletivo, ou seja, todos falam ao mesmo tempo sem que respondam as argumentações dos outros. Duas crianças “conversando” dizem frases que não têm relação com a frase que o outro está dizendo. Sua socialização é vivida de forma isolada, mas dentro do coletivo. Não há liderança e os pares são constantemente trocados. 
Existem outras características do pensamento simbólico que não estão sendo mencionadas aqui, uma vez que a proposta é de sintetizar as idéias de Jean Piaget, como por exemplo o nominalismo (dar nomes às coisas das quais não sabe o nome ainda), superdeterminação (“teimosia”), egocentrismo (tudo é “meu”), etc.

C. Período Intuitivo - dos 4 anos aos 7 anos, aproximadamente. 
Neste período já existe um desejo de explicação dos fenômenos. É a “idade dos porquês”, pois o indíviduo pergunta o tempo todo. Distingue a fantasia do real, podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. Seu pensamento continua centrado no seu próprio ponto de vista. Já é capaz de organizar coleções e conjuntos sem no entanto incluir conjuntos menores em conjuntos maiores (rosas no conjunto de flores, por exemplo). Quanto à linguagem não mantém uma conversação longa mas já é capaz de adaptar sua resposta às palavras do companheiro. 
Os Períodos Simbólico e Intuitivo são também comumente apresentados como Período Pré-Operatório.


D. Período Operatório Concreto - dos 7 anos aos 11 anos, aproximadamente. 
É o período em que o indivíduo consolida as conservações de número, substância, volume e peso. Já é capaz de ordenar elementos por seu tamanho (grandeza), incluindo conjuntos, organizando então o mundo de forma lógica ou operatória. Sua organização social é a de bando, podendo participar de grupos maiores, chefiando e admitindo a chefia. Já podem compreender regras, sendo fiéis a ela, e estabelecer compromissos. A conversação torna-se possível (já é uma linguagem socializada), sem que no entanto possam discutir diferentes pontos de vista para que cheguem a uma conclusão comum.


E. Período Operatório Abstrato - dos 11 anos em diante. 
É o ápice do desenvolvimento da inteligência e corresponde ao nível de pensamento hipotético-dedutivo ou lógico-matemático. É quando o indivíduo está apto para calcular uma probabilidade, libertando-se do concreto em proveito de interesses orientados para o futuro. É, finalmente, a “abertura para todos os possíveis”. A partir desta estrutura de pensamento é possível a dialética, que permite que a linguagem se dê a nível de discussão para se chegar a uma conclusão. Sua organização grupal pode estabelecer relações de cooperação e reciprocidade.


5 - A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência reside no fato de que, em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e interpretação da realidade. A compreensão deste processo é fundamental para que os professores possam também compreender com quem estão trabalhando. 
A obra de Jean Piaget não oferece aos educadores uma didática específica sobre como desenvolver a inteligência do aluno ou da criança. Piaget nos mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e possibilidades de crescimento da maturação ou de aquisições. O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo. 
“Aceitar o ponto de vista de Piaget, portanto, provocará turbulenta revolução no processo escolar (o professor transforma-se numa espécia de ‘técnico do time de futebol’, perdendo seu ar de ator no palco). (...) Quem quiser segui-lo tem de modificar, fundamentalmente, comportamentos consagrados, milenarmente (aliás, é assim que age a ciência e a pedagogia começa a tornar-se uma arte apoiada, estritamente, nas ciências biológicas, psicológicas e sociológicas). Onde houver um professor ‘ensinando’... aí não está havendo uma escola piagetiana!” (Lima, 1980, p. 131).


O lema “o professor não ensina, ajuda o aluno a aprender”, do Método Psicogenético, criado por Lauro de Oliveira Lima, tem suas bases nestas teorias epistemológicas de Jean Piaget. Existem outras escolas, espalhadas pelo Brasil, que também procuram criar metodologias específicas embasadas nas teorias de Piaget. Estas iniciativas passam tanto pelo campo do ensino particular como pelo público. Alguns governos municipais, inclusive, já tentam adotá-las como preceito político-legal. 
Todavia, ainda se desconhece as teorias de Piaget no Brasil. Pode-se afirmar que ainda é limitado o número daqueles que buscam conhecer melhor a Epistemologia Genética e tentam aplicá-la na sua vida profissional, na sua prática pedagógica. Nem mesmo as Faculdades de Educação, de uma forma geral, preocupam-se em aprofundar estudo nestas teorias. Quando muito oferecem os períodos de desenvolvimento, sem permitir um maior entendimento por parte dos alunos.



Jean Piaget



Referências
CHIABAI, Isa Maria. A influência do meio rural no processo de cognição de crianças da pré-escola: uma interpretação fundamentada na teoria do conhecimento de Jean Piaget. São Paulo, 1990. Tese (Doutorado), Instituto de Psicologia, USP. 165 p.

LIMA, Lauro de Oliveira. Piaget para principiantes. 2. ed. São Paulo: Summus, 1980. 284 p.

PIAGET, Jean. O nascimento da inteligência na criança. 4. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. 389 p.


Fonte: www.pedagogiaemfoco.pro.br

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Qual a diferença entre poema, poesia e soneto?



No sentido etimológico, poesia vem do grego poiesis, que pode ser traduzido como a atividade de produção artística ou a de criar ou fazer. Com base nisso, a poesia pode não estar só no poema, mas também em paisagens e objetos. Trata-se, enfim, de uma definição mais ampla, que abarca outras formas de expressão, além da escrita.


Já o poema também é uma obra de poesia, mas que usa palavras como matéria-prima. Na prática, porém, convencionou-se dizer que tanto o poema quanto a poesia são textos feitos em versos, que são as linhas que constituem uma obra desse gênero.


Por fim, o soneto é um poema de forma fixa. Tem quatro estrofes, sendo que as duas primeiras se constituem de quatro versos, cada uma, os quartetos, e as duas últimas de três versos, cada uma, os tercetos. Todos eles têm dez sílabas poéticas, classificando-se como decassílabos. Os sonetos costumam ter uma estrutura semelhante. O texto começa com uma introdução, que apresenta o tema, seguida de um desenvolvimento das ideias e termina com uma conclusão, que aparece no último terceto. Essa é, em geral, a estrofe decodificadora de seu significado.










Fonte: Revista Escola Abril.

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Dicas de Interpretação de Textos



Não só os alunos afirmam gratuitamente que a interpretação depende de cada um. Na realidade isto é para fugir a um problema que não é de difícil solução por meio de sofisma (=argumento aparentemente válido, mas, na realidade, não conclusivo, e que supõe má fé por parte de quem o apresenta).

Podemos, tranquilamente, ser bem-sucedidos numa interpretação de texto. Para isso, devemos observar o seguinte:

01. Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto;
02. Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura, vá até o fim, ininterruptamente;
03. Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos umas três vezes;
04. Ler com perspicácia, sutileza, malícia nas entrelinhas;
05. Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar;
06. Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor;
07. Partir o texto em pedaços (parágrafos, partes) para melhor compreensão;
08. Centralizar cada questão ao pedaço (parágrafo, parte) do texto correspondente;
09. Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão;
10. Cuidado com os vocábulos: destoa (=diferente de ...), não, correta, incorreta, certa, errada, falsa, verdadeira, exceto, e outras; palavras que aparecem nas perguntas e que, às vezes, dificultam a entender o que se perguntou e o que se pediu;
11. Quando duas alternativas lhe parecem corretas, procurar a mais exata ou a mais completa;
12. Quando o autor apenas sugerir ideia, procurar um fundamento de lógica objetiva;
13. Cuidado com as questões voltadas para dados superficiais;
14. Não se deve procurar a verdade exata dentro daquela resposta, mas a opção que melhor se enquadre no sentido do texto;
15. Às vezes a etimologia ou a semelhança das palavras denuncia a resposta;
16. Procure estabelecer quais foram as opiniões expostas pelo autor, definindo o tema e a mensagem;
17. O autor defende ideias e você deve percebê-las;
18. Os adjuntos adverbiais e os predicativos do sujeito são importantíssimos na interpretação do texto.
Ex.: Ele morreu de fome.
de fome: adjunto adverbial de causa, determina a causa na realização do fato (= morte de "ele").
Ex.: Ele morreu faminto.
faminto: predicativo do sujeito, é o estado em que "ele" se encontrava quando morreu.;
19. As orações coordenadas não têm oração principal, apenas as ideias estão coordenadas entre si;
20. Os adjetivos ligados a um substantivo vão dar a ele maior clareza de expressão, aumentando-lhe ou determinando-lhe o significado.

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Hiperatividade Infantil: TDAH



Crianças gostam de brincar, fazer bagunça e correr para lá e para cá. Movimentam-se tanto que dão uma canseira nos pais ou com quem elas estiverem. Mas é preciso ter cuidado para não identificá-las erroneamente como portadora do TDAH.

Às vezes, a criança está apenas passando por algum problema e essas características aparecem.

A psicóloga Maria Teresa Ramos de Souzaexplica que crianças, para serem diagnosticadas como hiperativas, devem passar por uma criteriosa avaliação de profissionais especializados. Normalmente elas apresentam comportamentos agitados, não param quietas um só instante, estão sempre fazendo algo “errado”, sendo apontadas como um mau exemplo. “Mas não é tão fácil identificá-las porque estas características se confundem com sintomas comportamentais de outras dificuldades infantis”, afirma a psicóloga.

Maria Teresa sempre orienta os pais para que seja realizada uma avaliação de forma a que não existam dúvidas e prejuízos no futuro da criança. “As pessoas pensam na criança como ela está agora, mas devem se lembrar que ela vai crescer. Se ela não receber o acompanhamento correto, pode se tornar uma criança com baixa autoestima. E que tipo de adulto ela se tornará se só for encarada como um problema?”, afirma.
Características do Hiperativo

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, tem-se a orientação de diagnosticar pelo menos seis características pelo período de mínimo de seis meses, e que estejam dando prejuízo para a vida da criança, como por exemplo:
- ser inquieta (mexendo as mãos e os pés ou não parando quieta na cadeira),
- ter dificuldade em permanecer sentada,
- se corre sem destino,
- se tem dificuldade em fazer uma atividade quieta ou em silêncio,
- se fala excessivamente ou interrompe conversas de outras pessoas – sem pedir licença,
- responder a perguntas antes delas serem formuladas,
- agir como se fosse movida a motor,
- ter dificuldade em esperar a vez.

A hiperatividade costuma ser mais incidente em meninos e na faixa etária dos sete aos nove anos. “Essa fase é a que eles estão começando a estudar e precisam ter mais atenção. Fica mais fácil perceber a dificuldade de concentração dessas crianças. Elas ficam sem noção de espaço e de limites, não por teimosia, mas porque não têm noção do que estão fazendo”, diz Maria Teresa.

A psicóloga conta que para trabalhar com hiperativos é preciso montar um esquema que envolva todas as pessoas que têm ligações com a criança. “Verifica-se que a maneira mais eficiente e com resultados satisfatórios é montando um esquema multidisciplinar; quer dizer, envolvendo a família, desde a vovó, até a empregada, a escola, neurologista, pediatra e outros profissionais que estejam acompanhando a criança. Para que se faça principalmente um trabalho comportamental, orientando, recomendando, reestruturando os ambientes e as dificuldades no dia a dia da criança”, aconselha Maria Teresa.
Como a família e a escola podem agir

Maria Teresa costuma elaborar uma lista de procedimentos para pais e professores lidarem com a criança hiperativa no seu cotidiano. “Normalmente, para os pais, peço que diminuam os estímulos no quarto da criança, como, por exemplo, vídeo, computador e jogos. A criança deve ter horários fixos para todas as atividades (café da manhã, banho, brincar, dormir). Quando os pais falarem com ela, devem solicitar que ela repita o que entendeu.

“Elogiar o que ela fizer corretamente, mesmo que seja ficar sentada por cinco minutos, pois é importante para que se sinta reconhecida nas atitudes e atividades que estiver fazendo adequadamente”, explica a psicóloga. Maria Teresa acrescenta que os elogios são importantes porque elas sempre são lembradas apenas pelas coisas ruins que fazem. “É importante que os adultos fiquem atentos, pois as crianças hiperativas ficam com a autoestima baixa a partir da repetição do erro, pois apenas dessa maneira elas conseguem chamar atenção, mas é uma atenção negativa”, explica.

“Na escola costumo orientar, principalmente, que pais e professores se comuniquem com mais frequência. Sugiro aos professores uma posição estratégica da criança, em sala de aula, mais próxima da professora, que ela convide mais vezes a criança como ‘ajudante’, quer dizer, com tarefas que a ocupem. Ela vai se sentir estimulada e reconhecida”, explica a psicóloga.

* Entrevista para o site Facilitando sua Vida, em 2003. Artigo publicado na revista Total Mix 5ª Edição – Abril de 2011.

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