RSS

Autobiografia - Como contar a sua própria vida

Se biografia é a história da vida de alguém (já que bio é vida e grafia é texto, escrita), o que você imagina ser autobiografia? O prefixo auto quer dizer "a si mesmo", logo o termo se refere à história da própria vida.


Leia a apresentação que faz de si mesmo o escritor de livros infantis Bartolomeu Campos Queiroz:

...das saudades que não tenho
Nasci com 57 anos. Meu pai me legou seus 34, vividos com duvidosos amores, desejos escondidos. Minha mãe me destinou seus 23, marcados com traições e perdas. Assim, somados, o que herdei foi a capacidade de associar amor ao sofrimento...

Morava numa cidade pequena do interior de Minas, enfeitada de rezas, procissões, novenas e pecados. Cidade com sabor de laranja-serra-d’água, onde minha solidão já pressentida era tomada pelo vigário, professora, padrinho, beata, como exemplo de perfeição.
(...) Meu pai não passeou comigo montado em seus ombros, nem minha mãe cantou cantigas de ninar para me trazer o sono. Mesmo nascendo com 57 anos estava aos 60 obrigado ainda a ser criança. E ser menino era honrar pai com seus amores ocultos. Gostar da mãe e seus suspiros de desventuras. 
(...) Tive uma educação primorosa. Minha primeira cartilha foi o olhar do meu pai, que me autorizava a comer ou não mais um doce nas festas de aniversário. Comer com a boca fechada, é claro, para ficar mais bonito e meu pai receber elogios pelo filho contido que ele tinha. E cada dia eu era visto como a mais exemplar das crianças, naquela cidade onde a liberdade nunca tinha aberto as asas sobre nós.
Mas a originalidade de minha mãe ninguém poderá desconhecer. Ela era capaz de dizer coisas que nenhuma mãe do mundo dizia, como por exemplo: – Você, quando crescer vai ter um filho igual a você. Deus há de me atender, para você passar pelo que eu estou passando. – Mãe é uma só. (...)

(Bartolomeu Campos Queiroz, em Abramovich, Fanny (org.) – “O mito da infância feliz”. Summus, São Paulo, 1983).


A autobiografia de Bartolomeu Campos Queiroz é marcada por uma certa tristeza e uma forte crítica tanto à educação dos pais, quanto aos costumes da cidadezinha onde nasceu. Dessa forma, ele rompe com a ideia de que criança é sempre feliz por ser inocente e não perceber os problemas da vida.
O escritor dá a entender que todos nascemos velhos, porque somos parte de vidas já vividas pelos pais e até mesmo pela sociedade - simbolizada em seu texto pela cidadezinha em que nasceu. 
Também vale notar a referência irônica ao célebre poema "Meus oito anos", deCasimiro de Abreu ("Oh! que saudades que tenho/ da aurora da minha vida...) 
Na biografia, a seleção dos eventos a serem apresentados é definida pelos outros, por isso, a objetividade é mais evidente que na autobiografia, em que a pessoa escolhe o que vai escrever sobre ela mesma.
Outra característica tanto da biografia quanto da autobiografia é a veracidade dos fatos. Costumam ser narrativas não ficcionais, ou seja, não são histórias "inventadas". O relato dos fatos no texto autobiográfico aparece frequentemente pontuado de lembranças, de um colorido emocional, que não é mostrado em outros tipos de textos. Predomina a subjetividade. 
Compare a autobiografia reproduzida acima com a biografia de Carlos Drummond de Andrade. O que se pode concluir sobre a presença escolha dos pronomes: na biografia predomina o uso da terceira pessoa (ele), enquanto na autobiografia predomina o uso da primeira pessoa (eu). Esses usos relacionam-se à maior ou menor objetividade. 

Autobiografia e sátira


Falar de si mesmo é sempre difícil... Nada como uma boa dose de bom humor para olhar para si próprio, não é mesmo? Leia como alguns autores tratam de suas biografias de forma bem-humorada. 

Aí eu peguei e nasci!
Sou filho de árabe com loira e deu macaco na cabeça. E eu não tenho 56 anos. Eu tenho 18 anos. Com 38 de experiência. E eu era um menino asmático que ficava lendo Proust e ouvindo programa de terror no rádio.

Em 69 entrei pra Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Mas eu matava aula com o namorado da Wanderléa pra ir assistir o programa de rádio do Erasmo Carlos. E aí eu desisti. Senhor Juiz, Pare Agora!
E aí eu fui pra swinging London, usava calça boca de sino, cabelo comprido e assisti ao show dos Rolling Stones no Hyde Park. E fazia alguns bicos pra BBC.
Voltei. Auge do tropicalismo. Freqüentava as Dunas da Gal em Ipanema. Passei dois anos batendo palma pro pôr-do-sol e assistindo o show da Gal toda noite. E depois diz que hippie não faz nada! (...)

José Simão Biografia


Perceba como José Simão, ao usar linguagem coloquial, expressões populares e gírias, se aproxima do leitor de jornal e da Internet ao escrever um texto descontraído e cheio de humor: "Aí eu peguei", "deu macaco na cabeça", "matava aula", "alguns bicos pra BBC", etc.
Ao escolher "fatos não nobres" de sua autobiografia, José Simão torna seu texto mais engraçado e carregado de ironia - uma boa maneira de fazer humor.
Leia a seguir a autobiografia de mais um humorista - Millôr Fernandes, um dos fundadores do famoso jornal alternativo dos anos 60 e 70, "O Pasquim":
SUPERMERCADO MILLÔR -- ANO I - N.º 1
(Autobiografia De Mim Mesmo À Maneira De Mim Próprio)
"E lá vou eu de novo, sem freio nem paraquedas. Saiam da frente, ou debaixo que, se não estou radioativo, muito menos estou radiopassivo. Quando me sentei para escrever vinha tão cheio de idéias que só me saíam gêmeas as palavras – reco-reco, tatibitate, ronronar, coré-coré, tom-tom, rema-rema, tintim-por-tintim. Fui obrigado a tomar uma pílula anticoncepcional. Agora estou bem, já não dói nada. Quem é que sou eu? Ah, que posso dizer? Como me espanta! Já não fazem Millôres como antigamente! Nasci pequeno e cresci aos poucos. Primeiro me fizeram os meios e, depois, as pontas. Só muito tarde cheguei aos extremos. Cabeça, tronco e membros, eis tudo. E não me revolto. Fiz três revoluções, todas perdidas. A primeira contra Deus, e ele me venceu com um sórdido milagre. A segunda com o destino, e ele me bateu, deixando-me só com seu pior enredo. A terceira contra mim mesmo, e a mim me consumi, e vim parar aqui.”


1) Releia o título "Supermercado Millôr" e o subtítulo "Autobiografia de Mim Mesmo à maneira de Mim Próprio" e analise que relação pode haver entre uma autobiografia e a ideia de produto a ser vendido, como mercadoria, num supermercado.
2) Relembrando que pleonasmo é uma forma de se usar a mesma ideia de forma repetitiva e desnecessária - lembre-se dos famosos pleonasmos "subir para cima", "descer para baixo", "entrar para dentro" e "sair para fora", que, segundo a gramática, devem ser evitados. Procure, então, explicar os pleonasmos usados no subtítulo, por Millôr, confirmando a abordagem satírica de sua biografia.
3) Millôr elabora sua biografia, de forma irônica e crítica, ao usar:

  • contradições/paradoxos;




  • chavões ou frases feitas, recriando-os;




  • criação de novas palavras, com fina ironia.
    Enfim, muitas vezes, o gênero biografia pode ser uma boa desculpa para um escritor fazer crítica social ou mesmo brincar consigo mesmo e com a própria humanidade.
    Alfredina Nery *
    Especial para a Página 3 Pedagogia e Comunicação
    Fonte:Educação.uol
    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS

    Análise Sintática - Quadro com os termos da oração

    O quadro abaixo mostra os conteúdos de análise sintática que se referem ao estudo da oração. Você pode consultá-lo sempre que aprender um novo conteúdo. Pode também usá-lo como um resumo para seus estudos.

    Os termos destacados nesse quadro fazem parte da Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB). O que isso significa? A NGB é uma espécie de resumo dos conteúdos gramaticais referentes ao português falado no Brasil e funciona como um guia para o ensino da nossa língua.
    A NGB foi criada em 1958 por um grupo de estudiosos e gramáticos de muito prestígio, como Antenor Nascentes, Rocha Lima e Celso Cunha. No ano seguinte, foi transformada em lei por uma portaria do presidente Juscelino Kubitscheck e passou a ser utilizada obrigatoriamente nas escolas de todo o Brasil. Antes da existência dessa lei, o estudo da gramática não era unificado e havia muita confusão com o uso de diversas terminologias.
    Hoje em dia vários estudiosos apontam a necessidade de atualização da lei, em função do avanço dos conhecimentos linguísticos. Mesmo assim, é a Nomenclatura Gramatical Brasileira que define os padrões de ensino da nossa língua.
    simples
    composto
    indeterminado
    oculto
    oração sem sujeito
    Predicado
    do sujeito
    do objeto
    Verbo
    2) Termos integrantes da oração
    Complemento verbal
    3) Termos acessórios da oração

    Fonte:educação.uol.com.br

    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS

    Concentração de cátions cálcio e magnésio na água

    O título deste texto não é nenhuma alusão ao famoso provérbio "água mole em pedra dura". Embora pareça estranho, quimicamente a água é classificada como mole ou dura, embora isso não modifique significativamente as propriedades físicas da água como, por exemplo, viscosidade ou compressibilidade, fatores que poderiam sugerir sua "dureza".

    Você sabe que existem sais solúveis e sais insolúveis em água. Sabe também que um sal solúvel, ao se dissolver na água, libera íons, como representado abaixo pela dissolução do carbonato de cálcio:


    Página 3


    Esses íons presentes na água podem eventualmente se combinar com outros íons formando sais insolúveis. Tente entender com a seguinte situação: temos duas soluções aquosas: (A) cloreto de sódio e (B) nitrato de prata:


    Página 3


    Ao misturarmos as soluções (A) e (B) teremos as seguintes combinações possíveis: Na+ com Cl- (solúvel), Na+ com NO3- (solúvel), Ag+ com NO3- (solúvel) e Ag+ com Cl- (insolúvel).

    Solução de minerais

    A água que chega até nossas casas, ou às indústrias e até a água captada diretamente de uma nascente é uma solução de vários minerais que se dissolvem na água pela sua passagem pelo solo e encanamentos.

    Esses minerais, quase que em sua totalidade sais, não comprometem o uso doméstico da água, mas, em algumas situações, normalmente quando ricas em sais de cálcio e magnésio, podem formar alguns sais insolúveis desses cátions e provocar incrustações e entupimentos das tubulações.

    Além disso, a formação desses sais dificulta ou até impede a formação de espumas, dificultando a ação de detergentes e sabões. Nestes casos temos a chamada água dura.

    Classificação da dureza da água

    A dureza da água é definida em termos da concentração dos cátions cálcio e magnésio - geralmente acompanhados dos ânions carbonato, bicarbonato, cloreto e/ou sulfeto. Em concentrações acima de 150mg/L, água é classificada como dura. Teores entre 150 e 75mg/L, como moderadas e, abaixo de 75mg/L é chamada de água mole.

    A água dura não é um risco de saúde, mas um incômodo por causa do acúmulo mineral em dispositivos elétricos e tubulações - principalmente em indústrias onde a água é utilizada para gerar vapor em caldeiras - e desempenho deficiente do sabão e/ou o detergente.

    Observação: A rigor, a água é uma substância pura, mas a maioria das águas com que nos defrontamos na prática são, de fato, soluções aquosas.
    *Fábio Rendelucci é professor de química e física, diretor do cursinho COC-Universitário de Santos e presidente da ONG Sobreviventes.
    Fonte: Educação.Uol

    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS

    Aristóteles e o papel da razão - Nada está no intelecto antes de ter passado pelos sentidos

    Apesar de ter sido discípulo de Platão durante vinte anos, Aristóteles (384-322 a.C.) diverge profundamente de seu mestre em sua teoria do conhecimento. Isso pode ser atribuído, em parte, ao profundo interesse de Aristóteles pela natureza (ele realizou grandes progressos em biologia e física), sem descuidar dos assuntos humanos, como a ética e a política.


    Para Aristóteles, o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo das ideias era um artifício dispensável para responder à pergunta sobre o conhecimento verdadeiro. Nossos pensamentos não surgem do contato de nossa alma com o mundo das ideias, mas da experiência sensível. "Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos", dizia o filósofo. 

    Isso significa que não posso ter ideia de um teiú sem ter observado um diretamente ou por meio de uma pesquisa científica. Sem isso, "teiú" é apenas uma palavra vazia de significado. Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se não fosse preenchido pelas informações que os sentidos nos trazem.

    Mas nossa razão não é apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é no que ela tem de essencial. Por exemplo, se digo que "todos os cavalos são brancos", vou deixar de fora um grande número de animais que poderiam ser considerados cavalos, mas que não são brancos. Por isso, ser branco não é algo essencial em um cavalo, mas você nunca encontrará um cavalo que não seja mamífero, quadrúpede e herbívoro.


    O papel da razão


    Conhecer é perceber o que acontece sempre ou frequentemente. As coisas que acontecem de modo esporádico ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser baixa ou alta, ter cabelos castanhos ou escuros, nada disso é essencial. Aristóteles chama essas características de acidentes.

    O erro dos sofistas (e de muita gente ainda hoje) é o de tomar algo acidental como sendo a essência. Através desse artifício, diziam que não se pode determinar quem é Sócrates, porque se Sócrates é músico, então não é filósofo, se é filósofo, então não é músico. Ora, Sócrates pode ser várias coisas sem que isso mude sua essência, ou seja, o fato de ser um animal racional como todos nós. 

    Mas como nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel da razão.

    A razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios. Observando os insetos, percebo que eles são muito diferentes uns dos outros, mas será que existe algo que todos tenham em comum que me permita classificar uma barata, um besouro ou um gafanhoto como insetos? Sim, há: todos têm seis pernas. Se abstrairmos mais um pouco, perceberemos que os insetos são animais, como os peixes, as aves... 


    Ato ou potência


    E poderíamos ir mais longe, separando o que é ser, do que não é. E aqui chegamos à outra grande contribuição de Aristóteles: se o ser é e o não-ser não é, como dizia Parmênides, então como é possível o movimento?

    Segundo Aristóteles, as coisas podem estar em ato ou em potência. Por exemplo, uma semente é uma árvore em potência, mas não em ato. Quando germina, a semente torna-se árvore em ato. O movimento é a passagem do ato à potência e da potência ao ato. 


    Qual a causa?


    Por outro lado, se as coisas mudassem completamente ao acaso, não poderíamos conhecê-las. Conhecer é saber qual a causa de algo. Se tenho uma dor de estômago, mas não sei a causa, também não posso tratar-me. Conhecendo a causa é possível saber não só o que a coisa é, mas o que se tornará no futuro. Pois, se determinado efeito se segue sempre de uma determinada causa, então podemos estabelecer leis e regras, tal como se opera nos vários ramos da ciência. 

    Existem quatro tipos de causas: a causa final, a causa eficiente, a causa formal e a causa material. Por exemplo, se examinarmos uma estátua, o mármore é a causa material, a causa eficiente é o escultor, a causa formal é o modelo que serviu de base para escultura e a causa final é o propósito, que pode ser vender a obra ou enfeitar a praça. 

    Há uma hierarquia entre as causas, sendo a causa final a mais importante. A ciência que estuda as causas últimas de tudo é chamada de filosofia. Por isso, a tradição costuma situar a filosofia como a ciência mais elevada ou mãe de todas as ciências, por ser o ramo do conhecimento que estuda as questões mais gerais e abstratas.

    Josué Cândido da Silva*
    Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

    Fonte: educação.uol.com.br

    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS

    Aristóteles e o papel da razão - Nada está no intelecto antes de ter passado pelos sentidos

    Apesar de ter sido discípulo de Platão durante vinte anos, Aristóteles (384-322 a.C.) diverge profundamente de seu mestre em sua teoria do conhecimento. Isso pode ser atribuído, em parte, ao profundo interesse de Aristóteles pela natureza (ele realizou grandes progressos em biologia e física), sem descuidar dos assuntos humanos, como a ética e a política.

    Para Aristóteles, o dualismo platônico entre mundo sensível e mundo das ideias era um artifício dispensável para responder à pergunta sobre o conhecimento verdadeiro. Nossos pensamentos não surgem do contato de nossa alma com o mundo das ideias, mas da experiência sensível. "Nada está no intelecto sem antes ter passado pelos sentidos", dizia o filósofo. 

    Isso significa que não posso ter ideia de um teiú sem ter observado um diretamente ou por meio de uma pesquisa científica. Sem isso, "teiú" é apenas uma palavra vazia de significado. Igualmente vazio ficaria nosso intelecto se não fosse preenchido pelas informações que os sentidos nos trazem.

    Mas nossa razão não é apenas receptora de informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a capacidade de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é no que ela tem de essencial. Por exemplo, se digo que "todos os cavalos são brancos", vou deixar de fora um grande número de animais que poderiam ser considerados cavalos, mas que não são brancos. Por isso, ser branco não é algo essencial em um cavalo, mas você nunca encontrará um cavalo que não seja mamífero, quadrúpede e herbívoro.

    O papel da razão

    Conhecer é perceber o que acontece sempre ou frequentemente. As coisas que acontecem de modo esporádico ou ao acaso, como o fato de uma pessoa ser baixa ou alta, ter cabelos castanhos ou escuros, nada disso é essencial. Aristóteles chama essas características de acidentes.

    O erro dos sofistas (e de muita gente ainda hoje) é o de tomar algo acidental como sendo a essência. Através desse artifício, diziam que não se pode determinar quem é Sócrates, porque se Sócrates é músico, então não é filósofo, se é filósofo, então não é músico. Ora, Sócrates pode ser várias coisas sem que isso mude sua essência, ou seja, o fato de ser um animal racional como todos nós. 

    Mas como nós fazemos para conhecer a definição de algo e separar a essência dos acidentes? Aí está o papel da razão.

    A razão abstrai, ou seja, classifica, separa e organiza os objetos segundo critérios. Observando os insetos, percebo que eles são muito diferentes uns dos outros, mas será que existe algo que todos tenham em comum que me permita classificar uma barata, um besouro ou um gafanhoto como insetos? Sim, há: todos têm seis pernas. Se abstrairmos mais um pouco, perceberemos que os insetos são animais, como os peixes, as aves... 

    Ato ou potência

    E poderíamos ir mais longe, separando o que é ser, do que não é. E aqui chegamos à outra grande contribuição de Aristóteles: se o ser é e o não-ser não é, como dizia Parmênides, então como é possível o movimento?

    Segundo Aristóteles, as coisas podem estar em ato ou em potência. Por exemplo, uma semente é uma árvore em potência, mas não em ato. Quando germina, a semente torna-se árvore em ato. O movimento é a passagem do ato à potência e da potência ao ato. 

    Qual a causa?

    Por outro lado, se as coisas mudassem completamente ao acaso, não poderíamos conhecê-las. Conhecer é saber qual a causa de algo. Se tenho uma dor de estômago, mas não sei a causa, também não posso tratar-me. Conhecendo a causa é possível saber não só o que a coisa é, mas o que se tornará no futuro. Pois, se determinado efeito se segue sempre de uma determinada causa, então podemos estabelecer leis e regras, tal como se opera nos vários ramos da ciência. 

    Existem quatro tipos de causas: a causa final, a causa eficiente, a causa formal e a causa material. Por exemplo, se examinarmos uma estátua, o mármore é a causa material, a causa eficiente é o escultor, a causa formal é o modelo que serviu de base para escultura e a causa final é o propósito, que pode ser vender a obra ou enfeitar a praça. 

    Há uma hierarquia entre as causas, sendo a causa final a mais importante. A ciência que estuda as causas últimas de tudo é chamada de filosofia. Por isso, a tradição costuma situar a filosofia como a ciência mais elevada ou mãe de todas as ciências, por ser o ramo do conhecimento que estuda as questões mais gerais e abstratas.

    Josué Cândido da Silva*
    Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

    Fonte: educação.uol.com.br

    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS

    Ambiguidade - Evite-a para fazer uma boa redação!

    A ambiguidade é um dos problemas que podem ser evitados na redação. Ela surge quando algo que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo. Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto.


    A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais, expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido, comprometendo a clareza do texto. Observe os exemplos que seguem: 



  • "O professor falou com o aluno parado na sala" 
    Neste caso, a ambiguidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem estava parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar "parado na sala" logo ao lado do termo a que se refere: "Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor falou com o aluno, que estava parado na sala". 




  • "A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos." 
    O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A ambiguidade resulta da má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque "na rua Santos" mais perto do núcleo de sentido a que se refere: Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do banco que localiza-se na rua Santos" 




  • "Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com frequência apresentam sintomas de irritabilidade e depressão." 

    Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do adjunto adverbial. Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com frequência, consomem bebidas alcoólicas apresentam sintomas de irritabilidade e depressão" ou que "As pessoas que consomem bebidas alcoólicas apresentam, com frequência, sintomas de irritabilidade e depressão".

    Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma redação de boa qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e da capacidade de se colocar na posição do leitor.

    Ambiguidade como recurso estilístico

    Em certos casos, a ambiguidade pode se transformar num importante recurso estilístico na construção do sentido do texto. O apelo a esse recurso pode ser fundamental para provocar o efeito polissêmico do texto. Os textos literários, de maneira geral (como romances, poemas ou crônicas), são textos com predomínio da linguagem conotativa (figurada). Nesse caso, o caráter metafórico pode derivar do emprego deliberado da ambiguidade. 

    Podemos verificar a presença da ambiguidade como recurso literário analisando a letra da canção "Jack Soul Brasileiro", do compositor Lenine.

    Já que sou brasileiro
    E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção
    Já que subi nesse ringue
    E o país do suingue é o país da contradição
    Eu canto pro rei da levada
    Na lei da embolada, na língua da percussão
    A dança, a muganga, o dengo
    A ginga do mamulengo
    O charme dessa nação
    (...)

    Caso queira ouvir a canção basta clicar em .

    Podemos observar que o primeiro verso ("Já que sou brasileiro") permite até três interpretações diferentes. A primeira delas corresponde ao sentido literal do texto, em que o poeta afirma-se como brasileiro de fato. A segunda interpretação permite pensar em uma referência ao cantor e compositor Jackson do Pandeiro - o "Zé Jack" -, um dos maiores ritmistas de todos os tempos, considerado um ícone da história da música popular brasileira, de quem Lenine se diz seguidor. A terceira leitura para esse verso seria a referência à "soul music" norte-americana, que teve grande influência na música brasileira a partir da década de 1960. 

    O recurso à ambiguidade no texto publicitário

    Na publicidade, é possível observar o "uso e o abuso" da linguagem plurissignificante, por meio dos trocadilhos e jogos de palavras. Esse procedimento visa chamar a atenção do interlocutor para a mensagem. Para entender melhor, vamos analisar a seguir um anúncio publicitário, veiculado por várias revistas importantes. 

    Sempre presente
    Ferracini Calçados

    O slogan "Sempre presente" pode apresentar, de início, duas leituras possíveis: o calçado Ferracini é sempre uma boa opção para presentear alguém; ou, ainda, o calçado Ferracini está sempre presente em qualquer ocasião, já que, supõe-se, pode ser usado no dia a dia ou em uma ocasião especial. 

    Se você não se julga ainda preparado para uma utilização estilística da ambiguidade, prefira uma linguagem mais objetiva. Procure empregar vocábulos ou expressões que sejam mais adequadas às finalidades do seu texto. 
    Nilma Guimarães*
    Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS

    Português: Adjetivos Pátrios

    Veja gentílicos dos Estados do Brasil

    Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
    Quem nasce na Bahia é baiano (sem h!), mas e quem nasce no Espírito Santo? E potiguar, é o adjetivo relativo a qual Estado?
    A tabela a seguir traz relação de adjetivos gentílicos, ou pátrios, isto é, as palavras que designam origens. Saiba também como fazer o plural dos adjetivos compostos.

    Gentílicos de Estados brasileiros
    Quando houver mais de uma forma prefira a primeira
    Estado
    Sigla
    Adjetivo pátrio
    SUL
    Rio Grande do Sul(RS)gaúcho, rio-grandense-do-sul
    Santa Catarina(SC)catarinense, barriga-verde (não é pejorativo)
    Paraná(PR)
    paranaense, paranista (usado no Sul) e tingui
    SUDESTE
    São Paulo(SP)paulista, bandeirante
    Rio de Janeiro(RJ)fluminense
    Minas Gerais(MG)mineiro, montanhês, geralista
    Espírito Santo(ES)capixaba, espírito-santense
    CENTRO-OESTE
    Mato Grosso do Sul(MS)mato-grossense-do-sul, sul-mato-grossense
    Mato Grosso(MT)mato-grossense
    Goiás(GO)goiano
    NORDESTE
    Bahia(BA)baiano, baiense
    Sergipe(SE)sergipano, sergipense
    Alagoas(AL)alagoano, alagoense
    Pernambuco(PE)pernambucano
    Paraíba(PB)paraibano
    Rio Grande do Norte(RN)potiguar, rio-grandense-do-norte, norte-rio-grandense, petiguar, pitaguar, pitiguar, pitiguara, potiguara
    Ceará(CE)cearense
    Piauí(PI)piauiense, piauizeiro (pejorativo)
    Maranhão(MA)maranhense, maranhão
    NORTE
    Rondônia(RO)rondoniense, rondoniano
    Acre(AC)acreano, acriano
    Amazonas(AM)amazonense, baré
    Roraima(RR)roraimense
    Pará(PA)paraense, paroara, parauara (usado na Amazônia)
    Amapá(AP)amapaense
    Tocantins(TO)tocantinense
    Fonte: educação.uol.com.br

    • Digg
    • Del.icio.us
    • StumbleUpon
    • Reddit
    • RSS