Na manhã de ontem, o detento Leandro Felipe Leocádio, 25 anos, que cumpre pena no regime semiaberto do Complexo Penitenciário Agrícola Mário Negócio (CPAMN), conseguiu enganar o esquema de segurança do Sistema Prisional Federal de Mossoró e fazer refém uma agente penitenciária, após ela ser imobilizada e ter a arma tomada. Por volta das 10h, o preso surpreendeu a agente que estava de serviço e em um momento de descuido, ele se apoderou de uma pistola ponto 40, pertencente à funcionária, fazendo-a de refém. Após ter rendido a agente, ele tomou o colete à prova de balas e em seguida subiu com ela em uma das torres de vigilância, onde permaneceu até o início da noite. Nas primeiras horas, o Serviço de Inteligência do Presídio Federal tentou negociar com o detento. À tarde, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) enviou uma equipe composta por dois atiradores de elite e dois negociadores, pertencentes a Polícia Federal de Brasília, que chegaram a Mossoró por volta das 14h, em um jato da instituição, para tentar acabar com o movimento. Os pais de Leandro Leocádio vieram da cidade de Macau e foram ao Presídio Federal para tentar sensibilizar o filho, mas não foram recebidos por ele, que continuava irredutível, exigindo a presença da sogra, do filho de um ano e oito meses e da ex-esposa que residem em Areia Branca. Exigência De acordo com Carlos Santana, advogado do preso, a ex-mulher de Leandro não aceitou vir a Mossoró com o filho, devido ter sido ameaçada de morte por ele, anteriormente. "Ela não veio nem permitiu trazer o filho, estava com receio do que poderia acontecer. Mesmo com todo o esquema de segurança que seria montado, ela não quis arriscar", explicou. O advogado disse que durante todo o tempo que seu cliente permaneceu com a agente sob a mira da arma, não pediu comida, água ou qualquer outro tipo de assistencialismo para ele ou para a refém. Os negociadores federais só conseguiram convencer Leandro a soltar a agente, por volta das 18h30, após a chegada da avó e de uma irmã. Agentes da Polícia Federal de Brasília ficaram responsáveis pelas negociações Após oito horas como refém de um preso, uma agente penitenciária do Presídio Federal de Mossoró foi libertada no início da noite de ontem. A servidora foi mantida presa dentro da torre de vigilância, sob a mira de uma pistola ponto 40, por cerca de 8 horas. O preso, identificado como Leandro Felipe Leocádio, cumpria pena de nove anos por assalto no regime semiaberto do CPAMN. As negociações realizadas pelos quatro agentes enviados a Mossoró foram monitoradas de perto pelo Ministério da Justiça, órgão responsável pelas instituições de segurança máxima. Segundo a direção do Presídio Federal, durante todo o tempo que a agente esteve refém, a situação esteve sob controle e em nenhum momento a funcionária se apavorou, conseguindo manter o psicológico normalmente, inclusive foi peça fundamental para as negociações. O diretor do Presídio Federal, Kércio Pinto, disse que Leandro Leocádio estava muito nervoso, devido sofrer de problemas mentais, aparentando estar em um alterado surto de lucidez. "O episódio terminou tudo bem, a chegada da avó e da irmã dele foi fundamental. Elas convenceram Leandro a se entregar sem que fosse necessário usar a força", disse. Segundo o diretor, a irmã e a avó conversaram com o preso através do interfone da guarita. Após alguns minutos de conversa, Leandro decidiu se entregar e libertar a refém. Com o encerramento do caso, o detento será conduzido à Delegacia da PF de Mossoró para ser indiciado por crime federal e em seguida levado de volta ao CPAMN. "Ele cometeu um crime grave dentro de uma área federal. Certamente o caso será avaliado e as medidas cabíveis deverão ser tomadas", concluiu. Detento cumpre pena de nove anos por roubo em Macau e Areia Branca O detento Leandro Leocádio, que manteve uma agente penitenciária como refém por mais de oito horas, responde por roubo e furto nas cidades de Macau e Areia Branca, onde foi condenado a nove anos de prisão. Já havia cumprido um terço da pena e desfrutava do benefício do regime semiaberto. Atualmente trabalhava no serviço na área externa do Presídio Federal de Mossoró, onde juntamente com outros apenados realizava tarefas de limpeza. Estava há quatro meses trabalhando no local, por apresentar bom comportamento, inclusive estava muito próximo de ser liberado para cumprir a pena em liberdade. Leandro é doente mental, toma remédio controlado e foi o protagonista do primeiro problema envolvendo um Presídio Federal de Segurança Máxima no Brasil. Desde que foi inaugurada, há mais de cinco anos, nenhuma outra instituição do Sistema Prisional Federal tinha sido notícia nacional com um problema desse porte, onde coloca em xeque a badalada segurança a prova de tudo. Fonte: O mossoroense |
Agente penitenciária mantida refém por detento no Presídio Federal de Mossoró
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