A dúvida é: O jantar será na antivéspera ou antevéspera do Natal?
A resposta é: O jantar será na antevéspera do Natal.
Não devemos confundir os prefixos “anti” e “ante”. O prefixo “anti” tem o sentido de “oposição, contra”: antivírus, antiaéreo, antiético, anti-herói, antirrepublicano, antídoto, antítese… O prefixo “ante” significa “anterioridade”: anteontem, antepenúltimo, antevéspera, antediluviano… Não há “antivéspera”, porque o jantar não tem nada contra a véspera do Natal. O jantar será no dia que antecede a véspera do Natal, portanto na antevéspera.
Uma empresa carioca comunicou aos seus empregados: “A nossa ceia de Natal será na próxima quinta-feira, às 13h.” Acho muito bonito o fato de empresas oferecerem ceias de Natal aos seus empregados. Só fiquei preocupado com o horário. Se não me falha a memória, ceias sempre foram noturnas. Às 13h, é melhor fazer um almoço.
A dúvida é: Recebeu 1,2 bilhões ou bilhão de reais?
A resposta é: Recebeu 1,2 bilhão de reais.
Com muita frequência observamos, em nossos jornais e revistas, o uso dessas formas abreviadas para altos valores. Não há espaço para escrever por extenso e a quantidade de zeros poderia dificultar o entendimento do leitor. A abreviação é válida, mas merece cuidados, pois o milhão, bilhão, trilhão, etc. referem-se ao algarismo que antecede a vírgula. Assim sendo, o correto é “1,2 bilhão” porque significa “um bilhão e duzentos milhões; “1,3 milhão” significa “um milhão e trezentos mil”; “1,7 trilhão” significa “um trilhão e setecentos bilhões”.
A dúvida é: Aqui estão as cláusulas que faltavam ou faltava incluir no contrato?
A resposta é: Aqui estão as cláusulas que faltava incluir no contrato.
O verbo (= faltava) deve ficar no singular para concordar com o seu sujeito (= incluir no contrato). O que faltava era “incluir as cláusulas no contrato”, e não “as cláusulas”.
Qual é a sua opinião: “Falta ou Faltam cinco minutos para acabar o jogo”? Embora muitos digam que “falta cinco”, o certo é “faltam cinco minutos”. O verbo (= faltam) deve ir para o plural para concordar com o seu sujeito plural (= cinco minutos).
Não podemos, entretanto, confundir os casos. Em “Falta resolver cinco questões”, o verbo (= falta) deve ficar no singular porque o seu sujeito é “resolver cinco questões”. Não são as “cinco questões” que faltam. O que falta é resolver as cinco questões. Para ficar mais claro: “Faltam cinco questões” e “Falta resolver cinco questões”.
A dúvida é: A vitória significa ou significam três pontos decisivos para escapar do rebaixamento?
A resposta é: A vitória significa três pontos decisivos para escapar do rebaixamento.
Segundo a regra básica de concordância, o verbo deve concordar com o sujeito. No caso acima, o sujeito está no singular (=a vitória). Por causa disso, o verbo deve concordar no singular: “A vitória significa…”
Com o verbo ser, a história seria outra. O verbo ser é especial. Se o sujeito estiver no singular e predicativo do sujeito no plural, o verbo ser concordará no plural: “A vitória são as últimas esperanças do Botafogo”; “A maior revolta dos motoristas são as multas”; “A nossa maior alegria são as crianças”.
A dúvida é: A família só foi comunicada ou informada do sequestro uma semana depois?
A resposta é: A família só foi informada do sequestro uma semana depois.
O verbo comunicar é transitivo direto e indireto. Se alguém comunica, comunica alguma coisa a alguém. A coisa que se comunica é o objeto direto, e a pessoa a quem se comunica alguma coisa é o objeto indireto.
É importante lembrar que, de acordo com a gramática tradicional, só o objeto direto pode transformar-se em sujeito de voz passiva. Isso significa que somente a coisa (=objeto direto) pode ser comunicada, isto é, exercer a função do sujeito passivo. Assim sendo, é recomendável evitar o uso do verbo comunicar na voz passiva com sujeito “pessoa”. Estaria correto, portanto, dizer: “O sequestro só foi comunicado à família uma semana depois.” Vamos observar outro exemplo: “O empregado (pessoa) já foi comunicado (voz passiva) da sua demissão.” Melhor: “A demissão (coisa) já foi comunicada ao empregado.”
Não devemos confundir o verbo comunicar com o verbo informar. Embora sejam palavras sinônimas, o verbo informar apresenta duas regências possíveis: se alguém informa, informa alguma coisa a alguém ou informa alguém de alguma coisa. Quando informamos alguém de alguma coisa, a pessoa é o objeto direto. Pode, por isso, tornar-se sujeito passivo. Assim sendo, temos duas possibilidades: “A família (pessoa) só foi informada (voz passiva) do sequestro uma semana depois” e “O sequestro (coisa) só foi informado à família uma semana depois.”
A dúvida é: Ele teve participação sobre o ou no valor da venda do jogador?
A resposta é: Ele teve participação no valor da venda do jogador.
Ele não teve participação “sobre”, ou seja, “em cima do valor da venda”. Quem tem participação tem participação “em” alguma coisa, por isso é que “ele teve participação no valor da venda”.
Na frase “Entrou com um pedido junto à Vara de Execução Criminal”, encontramos o uso polêmico da locução “junto a”. Rigorosamente, “junto a” significa “ao lado de”. Assim sendo, o pedido teria entrado na Vara vizinha, e não na Vara de Execução Criminal. Para evitar confusões, é mais simples e claro dizer que “entrou com um pedido na Vara de Execução Criminal”. Devemos evitar construções pedantes do tipo: “O problema só será resolvido junto à direção da empresa” e “Contraiu um empréstimo junto ao Bando Mundial”. Muito melhor é “O problema só será resolvido com a direção da empresa” e “Contraiu um empréstimo no Banco Mundial”.
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