1. A frase é: “Parreira vai pôr Juninho em campo para ser o elo de ligação entre a defesa e o ataque.”
O mais adequado seria: “Parreira vai pôr Juninho em campo para ser o elo (ou fazer a ligação) entre a defesa e o ataque.”
Todo elo é de ligação. Isso é uma redundância. É uma repetição semelhante a “subir para cima”, “ambos os dois”, “planejamento antecipado”, “hemorragia de sangue”, “surpresas inesperadas” e outros pleonasmos.
2. A frase é: “O filme é baseado em fatos reais.”
Ouvimos isso com muita frequência. Estou “louco” para assistir a um filme baseado em fatos irreais. Ora, todo fato é “real”, caso contrário não é fato. “Fato concreto”, “Fato verídico”, “Fato ocorrido” e “Fato acontecido”
são “belos” exemplos de redundâncias ou pleonasmos.
Basta, portanto, usarmos a palavra fato, ou seja, “o filme é baseado em fatos” ou, se você preferir, “o filme é baseado numa história real”. Uma história pode ser real ou não.
É interessante lembrar que a ênfase, para alguns, justifica tantas redundâncias que ouvimos por aí: “consenso geral”, “evidência concreta”, “protagonista principal”, e outras mais.
3. A frase é: “Eu gostaria que você escrevesse a minha autobiografia.”
O certo é: “Eu gostaria que você escrevesse a minha biografia.”
Uma autobiografia é a “biografia de si mesmo”. A “minha autobiografia” só pode ser escrita por mim mesmo. Eu escrever a “minha própria autobiografia” é redundante e você escrever a “minha autobiografia” é impossível.
Muita gente considera o verbo suicidar-se uma redundância. Quanto à etimologia (=origem da palavra), o verbo suicidar-se é redundante. O argumento basicamente é o seguinte: o verbo “suicidar” vem do latim “sui” (”a si” = pronome reflexivo) + “cida” (=que mata). Isso significa que “suicidar” já é “matar a si mesmo”. Dispensaria, dessa forma, a repetição causada pelo uso do pronome reflexivo “se”. O raciocínio é o seguinte: se o formicida mata formigas, se o inseticida mata insetos e se o homicida mata homens, o suicida só pode matar a si mesmo. Por outro lado, se observarmos o uso contemporâneo do verbo “suicidar-se”, não restará dúvida: ninguém diz “ele suicida” ou “eles suicidaram”. O uso do pronome reflexivo “se” junto ao verbo está consagradíssimo. É um caminho sem volta. É um pleonasmo irreversível.
O verbo “suicidar-se” hoje é tão pronominal quanto os verbos “arrepender-se”, “esforçar-se”, “dignar-se”… Da mesma forma que “ela se esforça” e “eles se arrependeram”, “ela se suicida” e “eles se suicidaram”.
4. A frase é: “Quanto ao seu requerimento, o diretor deferiu favoravelmente.”
O melhor é: “Quanto ao seu requerimento, o diretor deferiu.”
Se o diretor deferiu, só pode ser favoravelmente. Se não fosse uma decisão favorável, o diretor teria indeferido o seu pedido. Temos aqui uma redundância, ou seja, todo deferimento só pode ser favorável. Se for uma decisão contrária, temos um indeferimento. Deferir significa “aprovar, aceitar, despachar”. É por isso que na parte final de um requerimento, encontramos frequentemente: “Nestes termos. Pede deferimento”. Se você já assinou algum requerimento sem saber o que estava pedido, agora já sabe: você está solicitando a aprovação do seu pedido, que o seu requerimento seja aceito.
E não confunda deferir com diferir. Deferir é “aprovar, aceitar” e diferir é “diferenciar, distinguir”. Se você quer diferir uma coisa da outra, significa que você quer “fazer diferença”. Assim sendo, diferir é sinônimo de diferenciar ou, se você preferir, diferençar. Diferir, diferençar e diferenciar estão devidamente registrados como sinônimos em nossos dicionários. Qual usar? Você decide.
5. A frase é: “Ele vai analisar o resultado do laudo.”
O adequado é: “Ele vai analisar o laudo.”
Todo laudo já é um resultado, portanto “resultado do laudo” é uma redundância. Deve ser evitada. Quem fala “resultado do laudo” não deve saber que o laudo já é um resultado ou confunde laudo com exame. Se falarmos em “analisar o resultado do exame”, não há redundância. Isso significa que podemos “analisar o laudo” ou “analisar o resultado do exame”.
Fato semelhante ocorreu com aquele aluno que escreveu na sua redação do concurso vestibular que adorava “surpresas inesperadas”. Ora, se não fosse inesperada, não haveria surpresa. Ele adora surpresas e ponto final. Isso me faz lembrar aquele marido “previdente” que teria escrito para a amada esposa antes de retornar de uma longa viagem: “Chegarei de surpresa na próxima sexta-feira, no voo da Varig das 10h da noite”.
6. A frase é: “O projeto não foi aprovado, porque não houve consenso geral.”
O mais adequado é: “O projeto não foi aprovado, porque não houve consenso.”
Todo consenso é geral, não há “consenso individual ou particular”. Trata-se, portanto, de uma redundância. É o mesmo que pleonasmo: “hemorragia de sangue”, “encarar de frente”, “previsão para o futuro”, “duas metades”…
Se o juiz mandar “repetir de novo” a cobrança do pênalti, pode ser uma redundância ou não. Se for pela segunda vez, basta repetir. É possível “repetir de novo”, desde que seja pela terceira ou quarta vez.
7. A frase é: “Você precisa autocontrolar-se.”
O certo é: “Você precisa controlar-se.”
O verbo “autocontrolar-se” não existe. Os nossos dicionários registram o substantivo autocontrole (=controle de si mesmo) e o verbo controlar. Portanto, se você precisa controlar a si mesmo, basta controlar-se. “Autocontrolar-se” seria uma forma redundante.
Em nossos dicionários não encontramos o verbo “autocontrolar-se”, porém há registro de “autocriticar-se”, “autodefender-se”, “autodenominar-se”, “autodestruir-se”, “autodisciplinar-se”, “autoenganar-se”, “autogovernar-se”
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