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Dúvidas e dicas de Português: Curiosidades etimológicas


Curiosidades etimológicas
Etimologia é o estudo da origem das palavras. É um assunto sempre interessante e ao mesmo tempo polêmico. É frequente a versão sobre a origem de uma palavra ou de uma expressão ser desmentida ou contestada.
O caso mais famoso é o da palavra FORRÓ. Para alguns, é corruptela da expressão inglesa for all (= para todos); para a maioria, entretanto, é uma redução de FORROBODÓ (= festança). Embora a primeira versão faça mais sucesso em sala de aula, a verdadeira é a segunda. Além de ser a tese que encontramos no conceituado “Dicionário do folclore brasileiro” de Câmara Cascudo, é o que está registrado nos dicionários Aurélio, Michaelis, Caldas Aulete…
Apesar das discussões, adoro o assunto. Vamos, então, a alguns casos curiosos.
Você sabia que alguns substantivos comuns vêm de antropônimos (=nomes de pessoa):
ABREUGRAFIA = método inventado pelo cientista brasileiro Manuel de Abreu, para registrar fotograficamente a imagem obtida na radioscopia. É usado no diagnóstico da tuberculose e de outras doenças pulmonares. A palavra ABREUGRAFIA, portanto, é formada por ABREU (=sobrenome do médico) e GRAFIA (=raiz de origem grega que significa “escrita, descrição”).
DALTONISMO = vem do sobrenome de John Dalton, químico e físico inglês, que descobriu o problema visual: a incapacidade de distinguir cores,  principalmente o verde e o vermelho. O curioso é que o próprio cientista era daltônico. Sua descoberta é fruto da observação de si mesmo.
SANDUÍCHE = vem do inglês Sandwich, mais precisamente do conde de Sandwich, nobre inglês que amava jogar e comer. Para não abandonar a mesa de jogo, o conde levava seus “lanchinhos”, provavelmente fatias de pão intercaladas com presunto, queijo, carne…
PINEL = vem do sobrenome do médico Philippe Pinel. PINEL se tornou o nome de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro e, hoje, é sinônimo de “louco, maluco, adoidado, desequilibrado mental”.
LARÁPIO = vem da assinatura de um corrupto pretor romano L.A.R. Appius (Lucius Antonius Rufus Appius), que vendia sentenças favoráveis a quem pagava mais. LARÁPIO, portanto, vem de larapius e hoje é sinônimo de “ladrão”.
JULHO = vem do latim Julius. É uma homenagem ao imperador romano Caius Julius Caesar.
O assunto é muito vasto e merece mais linhas. Em breve, voltarei  com outras curiosidades.

DÚVIDAS DOS LEITORES
1a) Qual é o plural de AR-CONDICIONADO?
Se a palavra composta, com hífen, é constituída de um substantivo e um adjetivo (ou adjetivo + substantivo), os dois elementos vão para o plural:            altas-rodas, altos-fornos, batatas-doces, boias-frias, cabeças-chatas, guardas-noturnos, matérias-primas, ovelhas-negras, puros-sangues…
Assim sendo, o plural de AR-CONDICIONADO é ARES-CONDICIONADOS.
Se você não gostou, tenho duas sugestões:
1a) Compre dois APARELHOS de ar-condicionado;
ou 2a) Compre dois CONDICIONADORES DE AR.

2a)  A cerveja desce REDONDO ou REDONDA?
O assunto já foi abordado, mas diante das numerosas cartas, vamos voltar ao caso.
Muitos leitores querem saber se a tal propaganda não está errada. Segundo eles, se CERVEJA é uma palavra feminina, deveria ser REDONDA.
O problema é que REDONDA não é a CERVEJA, e sim o modo como a cerveja desce. Trata-se, portanto, de uma forma adverbial.
É importante lembrar que os advérbios são formas invariáveis, ou seja, não precisam concordar. Permanecem numa forma neutra, geralmente correspondente à do masculino singular.
Assim sendo, sinto decepcionar os meus leitores, mas a propaganda está correta: a cerveja desce REDONDO.
É o mesmo caso de “A bola rola MACIO nos gramados franceses”. Não é a bola que é macia, e sim o modo como a bola rola. É advérbio, por isso não concorda com a bola. Em “Ela fala ALTO”, ninguém erraria. Duvido que alguém falasse “Ela fala alta“. ALTO é advérbio, porque é o modo como ela fala.

3a) VAI FAZER ou VÃO FAZER?
A frase errada era: “Vão fazer dez anos que não lhe vejo”.
Eram dois erros:
1o) O verbo FAZER, quando se refere a tempo decorrido, deve ser usado sempre no singular. É verbo impessoal (=sujeito inexistente). Devemos dizer “FAZ dez anos” e “VAI FAZER dez anos”;
2o) O verbo VER é transitivo direto. Pede objeto direto. O pronome LHE substitui objetos indiretos. Para os objetos diretos devemos usar os pronomes: o, a, os, as.
A frase certa é: “VAI FAZER dez anos que não O vejo (ou que não A vejo)”.
 Fonte: Prof. Sérgio Nogueira/G1.com

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