A cerveja faz mal à saúde ou é tabu?
20/04/2011 — Professor CasalecchiA cerveja faz mal para a minha saúde?
Pois é… faz sim! Algumas bebidas alcoólicas são incompatíveis com o clima tropical. Vamos exemplificar com a cerveja, que é tomada como uma bebida tipicamente brasileira, ou abrasileirada, chamada até de “paixão nacional”.
A intenção do consumidor de cerveja é refrescar o calor proporcionado por um clima quente e é justamente por isso que ela é tomada “estupidamente gelada”. Ocorre que o malte da cerveja é de natureza quente, ou seja, é um alimento altamente calórico (que produz calor interno). Pense na pimenta malagueta: por mais que você a coloque congelada na boca, no momento em que der a primeira dentada ela vai esquentar absurdamente a sua boca, porque o seu princípio ativo é quente, independente da temperatura artificial em que tenha sido consumida.
Vamos analisar a ingestão de cerveja, num clima com40°Cde temperatura ambiente:
- O indivíduo ingere a cerveja muito gelada, que ao passar pela garganta dá uma sensação de saciedade da sede, por reduzir o calor interno, pela temperatura artificial do líquido.
- Em segundos ela atinge o estômago onde a temperatura artificial fria é dissipada por ação do calor local (temperatura em torno de37,7°C). O ácido hidroclorídrico (HCl) está presente no lúmen estomacal, tornando o pH próximo de 1,5, iniciando o processo de digestão desse alimento.
- Nessa temperatura, o princípio ativo quente do alimento passa a gerar calor interno (assim como aconteceria com a pimenta, só que com um pouco menos intensidade).
- Esse calor é absorvido pelo sangue, que passa pelas vias hipotalâmicas de dissipação do calor residual (em excesso), ativando a vasodilatação periférica e a sudorese.
- Com a perda da água, na intenção de eliminar o calor indesejável gerado pela cerveja, o hipotálamo ativa a sede como meio de recuperar os líquidos que estão sendo perdidos nesse evento insólito.
- Com a sede presente, esse indivíduo desinformado dos seus eventos internos, irá consumir mais cerveja na intenção de saciá-la.
- Obviamente ele irá gerar mais calor residual a cada vez que ingerir mais cerveja, ocasionando, por conseguinte, mais vasodilatação periférica e mais sudorese, impedindo o organismo de manter a normalidade fisiológica sem perdas críticas.
- Para piorar essa situação, o álcool (etanol) age como inibidor do hormônio antidiurético (HAD)[1], reduzindo intensamente o conteúdo líquido interno e gerando cada vez mais calor residual a cada cerveja ingerida. Percebe-se que depois que o indivíduo vai a primeira vez ao banheiro ele não pára mais de ir. Isso vai debilitando absurdamente o organismo, que entra no Sistema de Compensação Interna (SCI) já descrito neste trabalho, gerando sinais e sintomas mais ou menos críticos, em função da quantidade de cerveja ingerida. Por isso ela é tida como diurética; só que patogenicamente diurética!
A cerveja foi trazida pelos imigrantes italianos e é tomada na Europa sem gelo, para aquecer o organismo em função do clima frio local. Mas nosso clima, principalmente nas regiões mais secas do nosso País, é impróprio para o consumo deste tipo de bebida.
O vinho, com baixo teor alcoólico é o mais indicado para consumo, mas até duas taças. Acima disso o etanol agirá patogenicamente, como já descrito anteriormente.
Contudo, já mencionamos que não somos radicais. Vivemos numa sociedade filha da geração Coca-Cola, Mac Donald e cerveja. Fugir disso é tornar-se um pária social, tendo que conviver em ambientes saturados desse tipo de informação.
Propomos que a sua saúde emocional não sofra para poder gerar saúde fisiológica, até porque a primeira também interfere na segunda. Dessa forma, indicamos o uso de bebidas alcoólicas com moderação, intercalando os goles de cerveja, por exemplo, com a ingestão de água, tentando não exceder muito no consumo e principalmente, não beber dias seguidos.
Assim, o seu organismo não padece e sua saúde emocional está salva. Contudo, ratificamos a importância de que o indivíduo acima de quarenta anos de idade, inveterado consumidor de bebidas alcoólicas, elimine o seu consumo no primeiro mês da aplicação do Método Casalecchi (veja o vídeo no final deste artigo), justamente para proporcionar a retomada da sua base fisiológica, fatalmente prejudicada pelo álcool ingerido frequentemente. Depois, fica mais fácil para o meio interno combater os efeitos das bebidas alcoólicas no futuro.
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