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Português para concursos. Tire suas dúvidas

1ª) EVENTUAL ou POSSÍVEL?
Ano após ano, alguns políticos exageram um pouco. Os pacotes econômicos e as contas caribenhas deixaram muita gente nervosa. E a nossa língua portuguesa acabou sendo atropelada.
Primeiro foi um ex-deputado que falou a respeito de uns “documentos eventualmente falsos”. Será que tais documentos “de vez em quando são verdadeiros”? É lógico que não. Ele queria dizer que os documentos eram “supostamente ou possivelmente” falsos.
EVENTUALMENTE não significa “possivelmente” ou “provavelmente”. Muita gente boa faz esta confusão:
EVENTUAL = esporádico, ocasional, o que acontece de vez em quando;
POSSÍVEL = o que pode ser ou acontecer.
“Um eventual problema” acontece de vez em quando;
“Um possível problema” é algo que pode tornar-se um problema.
Sensacional também foi o desempenho linguístico de um dos nossos ex-ministros. Primeiro ele garantiu: “Tivemos que repriorizar as prioridades estabelecidas.”
O jogo de palavras me fez lembrar um candidato a deputado federal por São Paulo que afirmava com toda a convicção do mundo: “Para resolver o problema do desemprego, é preciso que haja emprego”. Eu fico imaginando que curso superior ele deve ter feito para ter conseguido chegar a tão maravilhosa e surpreendente conclusão.
Parece aquele repórter que só fala o óbvio, quando o narrador lhe pede o detalhe do lance: “Se a bola fosse em direção do gol, e o goleiro não defendesse, era gol…” Cá entre nós, não deve ser fácil chegar a uma conclusão dessas!
Mas voltemos ao nosso ex-ministro. No fim da sua fala, ele nos dá uma conclusão tão tranquilizadora quanto original: “Nenhum projeto sofrerá solução de continuidade no próximo ano”. Eta chavãozinho desgraçado! Além de ser velho, ultrapassado e empolado, não diz nada. Na verdade diz, mas quem entende não acredita.
E por fim, a mais brilhante das declarações: “Não tenho conhecimento, por exemplo, de que haja cortes no programa de mortalidade infantil”.
Veja a que ponto chegamos. O Brasil já tem até programa de mortalidade infantil. Está tudo programado. E o que é pior: não sofrerá cortes. Que tal cortar a língua?

2ª) DEVEM SER  e DEVE HAVER?
Leitor quer saber:
“Você escreveu o seguinte: ‘Ora, DEVEM SER coisas da globalização!’ A minha dúvida é a seguinte: o verbo auxiliar DEVEM não deveria acompanhar o principal SER? Ou seja, o parágrafo não deveria ficar assim: ‘Ora, DEVE SER coisas da globalização!’, com o verbo auxiliar (deve) seguindo o principal (ser), concordando em número? Será que o verbo auxiliar só acompanha o principal quando este for o verbo HAVER? ‘DEVE HAVER alunos espalhados pelo pátio da escola’. Este período está correto?”
Eu reproduzi boa parte da carta, para que todos possam perceber a confusão que o nosso leitor está fazendo.
Como diria o Arnaldo César Coelho, a regra é clara: “Numa locução
verbal, o verbo auxiliar é o responsável pela concordância:
Eu DEVO falar,
Tu DEVES falar,
Ele DEVE falar,
Nós DEVEMOS falar,
Vós DEVEIS falar,
Eles DEVEM falar.
Portanto, na frase “DEVEM SER coisas da globalização”, o plural está corretíssimo (=concorda com COISAS). Para ficar bem claro:
“DEVE SER coisa de…” -  “DEVEM SER coisas de…”;
“Ele DEVE SER o campeão”  -  “Eles DEVEM SER os campeões”;
“DEVE SER uma hora da tarde”  -  “DEVEM SER treze horas”.

Numa locução verbal em que o verbo principal for impessoal
(HAVER no sentido de “existir”, por exemplo), o verbo auxiliar fica obrigatoriamente no SINGULAR (=porque não há sujeito):
“DEVE HAVER alunos espalhados pelo pátio da escola”;
“DEVE HAVER algumas dúvidas”.

3ª) O verbo CONVERGIR
Leitora quer saber como se conjuga o verbo CONVERGIR. Qual é a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo?
Existem muitos verbos da 3ª conjugação (=terminados em –IR) cuja irregularidade é trocar a vogal “e” pela vogal “i” na 1ª pessoa do singular do presente do indicativo: aderir – eu adiro; ferir – eu firo; ingerir – eu ingiro; inserir – eu insiro; impelir – eu impilo; repetir – eu repito; competir – eu compito; despir – eu dispo; discernir – eu discirno; divergir – eu divirjo; divertir – eu divirto; refletir – eu reflito; seguir – eu sigo; sentir – eu sinto; mentir – eu minto; servir – eu sirvo; vestir – eu visto…
Portanto, para o verbo CONVERGIR, o certo é “eu CONVIRJO”.

Fonte: G1.educação/Prof. Sérgio Nogueira

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