DISSERTAÇÃO (síntese do livro “Técnicas Básicas de Redação “BRANCA GRANA”)
01 - DIFERENÇA ENTRE TEMA E TÍTULO
Fazer uma dissertação consiste em defender um idéia. Primeiramente é necessário reconhecer a diferença entre tema e um título.
TÍTULO – é uma referência vaga a um assunto; uma expressão mais curta que o tema. Na maioria das vezes, não contém verbo.
TEMA – é uma afirmação sobre determinado assunto, onde se percebe uma tomada de pontuação. Por ser uma oração, deve apresentar ao menos um verbo.
EXEMPLO:
- A cidade e seus problemas (TÍTULO)
- As grandes cidades enfrentam atualmente grandes problemas (TEMA)
- As contradições na era da comunicação (TÍTULO)
- Vivendo a era da comunicação, o homem contemporâneo está cada vez mais só (TEMA)
02 - À ARGUMENTAÇÃO
Após formular o tem, faça a pergunta “por quê”. Ao encontrar duas ou três respostas para a questão (estas respostas chama-se argumentos), você fará a introdução .
A dissertação deverá constar de três partes fundamentais: INTRODUÇÃO, DESENVOLVIMENTO e CONCLUSÃO.
Na introdução os argumentos são apenas mencionados. Neste primeiro parágrafo informa o assunto de que a dissertação vai tratar.
É conveniente colocar palavras que liguem as diferenças partes da introdução. Depois de terminado o parágrafo desta, você deverá passar ao desenvolvimento, explicando cada um dos argumentos.
É necessária a presença de palavras ou expressões no início do parágrafo que prevaleça a ligação com parágrafo anterior.
A conclusão pode iniciar-se com uma expressão que remeta ao que foi dito nos parágrafos anteriores. A ela deve seguir-se uma reafirmação do tema proposto no início da redação.
Esta síntese pode ser utilizada para realizar qualquer dissertação. Ela garantiu a organização e coerência à sua composição.
Algumas sugestões de expressões iniciais que podem ser utilizadas na conclusão:
- Dessa forma ...
- Sendo assim ...
- Em vista dos argumentos apresentados ...
- Em virtude do que foi mencionado ...
- Assim ...
- Levando-se em conta o que foi observado ...
- Dado o exposto ...
a) INTRODUÇÃO
A finalidade da introdução é preparar o leitor, dispô-lo a aceitar com simpatia o tema. Deverá ser breve, relacionada com o tema central.
b) DESENVOLVIMENTO
É justamente no desenvolvimento que se discute a tese, em que se debatem os problemas. É nele que o aluno colocará tudo de si, na busca das melhores idéias. Sendo o desenvolvimento a parte mais importante da redação, claro está que não pode ser menor que a introdução, ou que a conclusão.
c) CONCLUSÃO
A conclusão é o fecho, o corolário da redação. Nela, de maneira expressiva, o autor costuma resumir seu ponto de vista, sintetizar suas idéias.
O aluno poderá terminar com frase de efeito, ou gradações enfáticas que reforme ou abonem os conceitos expostos no desenvolvimento. Em geral, na discussão de problemas políticos, econômicos ou sociais, o autor faz uma pausa, lamenta que certas diretrizes não tenham sido tomadas e faz votos para que o futuro traga decisões mais acertadas. De qualquer forma, a conclusão deve ser enfática, de modo que produza ao examinador uma última boa impressão.
d) A LETRA
A letra deve ser legível. Os professores se rebelam contra aqueles cuja letra são verdadeiros caracteres hieroglíficos. Uma prova limpa, sem ressudas e borrões causará no mestre uma boa impressão.
e) O TEMA
Fácil ou difícil, agradável ou não, o tema terá que ser enfrentado. Ele já encontra um tema imposto que pode não se ajustar ao seu gosto ou estilo. Mas o aluno deve dizer-se: “eu quero fazê-lo, eu posso fazê-lo”.
f) O ESQUEMA
O esquema ajudará a organizar as idéias. Com cinco palavras apenas, pode-se reunir material para uma boa redação. Se houver sobra de idéias, depois de registradas, deve o aluno selecionar as melhores. Deverá eliminar, portanto, aquelas desnecessárias ou infantis. Deverão sob apenas alguns conceitos fundamentais e alguns outros subsidiários, o necessário, e por fim, para cumprir o limite exigido de linhas.
EXEMPLO DE ESQUEMA: Família e divórcio
è IDÉIA
1 - A família é importante para a sociedade e a Pátria.
2 - Os padrões morais cultivados pela família.
3 - A família unida = conseqüências benéficas para os filhos.
4 - A desunião é prejudicial aos filhos.
5 - O divórcio em outros países – Estados Unidos
6 - Apoio a todas as medidas de fortalecimento da família.
7 - Deveria haver divórcio aplicável aos casos de expressa incompatibilidade.
8 - Mais respeito à família = engrandecimento da Pátria.
è ESQUEMA
- Importância.
- Padrões – união – desunião – divórcio – USA – fortalecimento – extremos.
- Respeito – engrandecimento.
As idéias foram numeradas de 1 a 8. No esquema 10 palavras foram suficientes. A redação começa com algumas digressões em torno da importância da família, deixando-a como base da sociedade e da Pátria (introdução). De passagem para o desenvolvimento, o autor enumera padrões morais cultivados pela família (amor, fraternidade, honestidade, respeito ...) para provar que uma família única só pode beneficiar e que a desunião é calamitosa para eles e para a sociedade. O autor tese outras considerações em relação ao divórcio. Condena a indústria de divórcios que caracteriza certos países e considera-se favorável a todas as medidas que venham a fortalecer a família. NO entanto, para alguns casos de incompatibilidade extrema, o divórcio é necessário. O autor conclui pedindo mais preocupação, mais respeito pela família, pois um família sadia é o embrião da uma país sadio (conclusão).
03 - PARÁGRAFO
Formas de desenvolver o parágrafo.
a) Desenvolvimento por Definição:
è não use as expressões é quando ou é onde.
Um debate é quando duas pessoal ou dois grupos discutem, de forma regulamentada, um determinado assunto.
Um debate é a discussão regulamentada de um dado assunto entre duas pessoas ou dois grupos.
ènão use expressões negativas.
Uma cadeira não é uma poltrona.
O calvo é uma pessoa que não tem cabelos na cabeça. (correto)
ènão use linguagem figurada para definir.
O diagrama é o olho da máquina fotográfica.
b) Desenvolvimento por exemplos:
èUm só exemplo.
Há muito vem sendo estudada a possibilidade de haver, no reino anima., outros tipos de inteligência além de humana. Vejam, por exemplo, o golfinho. Dizem que esses simpáticos mamíferos pensam mais rápido do que o homem, têm linguagem própria e também podem aprender uma língua humana ...
èMais de um exemplo.
O homem contemporâneo não é onívoro como seu antepassado pré-histórico; nem todos os animais e vegetais da regiãofiguram na sua cozinha. (1º exemplo) Nosso sertanejo, por exemplo, aprecia muito os peixes de água doce e a mandioca, mas não dá o menor valor aos crustáceos e às verduras. (2º exemplo) Os negros afircanos também não valorizam as hortaliças e pouca atenção dão à carne de gado. (3º exemplo) O homem urbano do Ocidente, por sua vez, não tolera a idéia de mastigar os gafanhoros, as larvas e os besouros que fazer a delícia de tantos povos do Oriente e da África. (conlcusão) Todos os povos possuem limitações inarredáveis no tocante às coisas que comem.
c) Desenvolvimento por Causa e Efeito
Ex.: O vício do cigarro jamais será eliminado.
O vício do cigarro jamais será eliminado porque há fortes grupos econômicos interessados em mantê-lo e divulgá-lo.
A descoberta da fotografia teve grande repercussão na pintura.
A descoberta da fotografia teve grande repercussão na pintura porque veia libertar o pintor da incômoda obrigação de retratar fielmente a realidade.
4 - RESUMO DAS TÉCNICAS DE REDAÇÃO
a) Argumentos
Tema: Os habitantes da cidade de São Paulo passam diariamente por algumas dificuldades.
Os habitantes de São Paulo enfrentam sérias dificuldades porque o trânsito está cada vez mais congestionado, os assaltos ocorrem a todo instante e além do mais, os índices de poluição estão a níveis altíssimos. (introdução)
É notória que a agitação nesta cidade é intensa ....... (trânsito)
Ainda convém lembra a insegurança das pessoas ... (assaltos) desenvolvimento
Além disso, há inúmeras indústrias ......................... (poluição)
Por tudo isso, ... (conclusão)
b) Enumeração
Dentre os fatores que contribuem para as dificuldades dos habitantes da cidade de São Paulo, destacam-se três fatores fundamentais. (introdução)
A poluição é , seguramente, o primeiro fator ...
Um outro aspecto importante é o trânsito ... desenvolvimento
Enfim, não se devem excluir os constantes assaltos ...
Não há dúvida que ... (conclusão)
c) Há diversas formas de enriquecer os parágrafos, enxertando:
- exemplos – são fornecidos a fim de ilustrarem o que se expõe.
- contrastes – são mostrados semelhanças e diferenças entre dois objetos, duas idéias, dois seres, dois lugares, duas civilizações etc.
- causa-conseqüência – indicam-se as causas e conseqüências dos fatos apresentados.
d) Esquema
Pode-se reunir material para uma boa redação, utilizando algumas palavras que estejam diretamente ligadas ao tema: desemprego, poluição, corrida contra o tempo (pressa), estresse, assalto, insônia, trânsito, ...
e) Temas Polêmicos
Tema: aborto
Há opiniões divergentes sobre a legalização do aborto em nosso país. Muitos aspectos devem ser analisados na abordagem dessa questão. (introdução)
|
Os defensores alegam ...
Outros, porém ...
Há controvérsias que precisam ser ... (conclusão)
f) Algumas sugestões de expressões iniciais que podem ser utilizadas na introdução.
- Cogita-se ...
- Muito se tem discutido ...
- Há opiniões divergentes ...
- Muito se debate ...
g) O que você não deve fazer em uma dissertação:
- usar gírias;
- utilizar provérbios ou ditos populares;
- usar a 1ª pessoa do singular;
- utilizar exemplos contando fatos ocorridos com terceiros, que não sejam de domínio público;
- utilizar as abreviações;
- repetir várias vezes a mesma palavra; e
- fugir do tem proposto.
OBS.: 1 – utilize a 1ª pessoal do plural ao invés da 1ª pessoa do singular. Em outras palavras, você deve escrever acreditamos, entendemos, analisamos, ao invés de acredito, entendo, analiso.
2 – procure sempre se manter informado sobre os mais diversos assuntos. Quanto melhor você conseguir compreender as questões econômicas, políticas e sociais de seu país e do exterior, maiores condições terá de redigir sobre qualquer tema.
5 - CAUSA
Para indicar a causa, a língua portuguesa oferece várias possibilidades:
- o desemprego nos centros urbanos constitui uma das causas fundamentais do surgimento das favelas.
- o desemprego nos centros urbanos gera o surgimento das favelas.
- o surgimento das favelas é decorrente sobretudo do desemprego nos centros urbanos.
- surgem as favelas porque nos centos urbanos aumenta o desemprego
Substantivo | motivo, razão, causa, base, origem, explicação, o porquê, ... |
Verbos | causar, gerar, acarretar, originar, provocar, motivar, permitir, ... |
Locuções prepositivas e conjunções | em virtude de, em razão de, por causa de, em vista de, por motivo de, por isso que, já que, visto que, uma vez, que, porque, pois, como, ... |
6 - CONSEQÜÊNCIA
Para indicar a conseqüência, a língua portuguesa oferece várias possibilidades:
a) o surgimento das favelas constitui uma das conseqüências do desemprego nos centros urbanos;
b) o surgimento das favelas resulta sobretudo do desemprego nos centros urbanos;
c) cresce o índice de desemprego nos centros urbanos, consequentemente surgem as favelas;
d) surgem as favelas em virtude sobretudo do desemprego nos centos urbanos.
Substantivo | efeito, produto, conseqüência, fruto, reflexo, desenlace, ... |
Verbos | Derivar, resultar, vir de, ser resultado de, Ter origem em, ... |
Locuções prepositivas e conjunções | Pois, por isso, por conseqüência, portanto, por conseguinte, consequentemente, logo, então, em virtude disso, como resultado, devido a isso, em vista disso, ... |
7 - COMO COMEÇAR A EXPOR UM PROBLEMA BASEADO EM AFIRMAÇÕES LIDAS OU OUVIDAS
Exemplo: a influência da televisão.
1 – A televisão é prejudicial às crianças.
2 – Ela não desenvolve o raciocínio, nem desperta a criatividade.
Vejamos algumas possibilidade para se começar a abordar o problema:
1 – A televisão é prejudicial às crianças. Ela não desenvolve o raciocínio, nem desperta a criatividade. Estas são algumas das afirmações freqüentemente ouvidas a respeito da influência da televisão.
2 – Algumas pessoas afirmam que seria melhor que as crianças não assistissem à televisão, pois ela não desenvolve o raciocínio, nem desperta a criatividade. Colocam, assim, o problema da influência da televisão no desenvolvimento cultural de uma criança.
3 – Num estudo dedicado à influência da televisão no desenvolvimento cultural de uma criança, afirma-se que a televisão não desenvolve o raciocínio, nem desperta a criatividade.
4 – É verdade que a televisão é prejudicial às crianças por não desenvolver o raciocínio, nem despertar a criatividade, como afirmam muitas pessoas ?
8 - PAUSAS RÍTMICAS
As pausas rítmicas, - assinaladas na pronúncia por entoações características e na escrita por sinais especiais - , são de três espécies:
1) Pausa que não quebra a continuidade do discurso, indicativa de que a frase ainda não foi concluída. Marcam-na:
a vírgula ( , )
o travessão ( - )
os parênteses ( )
o ponto e vírgula ( ; )
os dois pontos ( : )
2) Pausa que indica o término do discurso ou de parte dele. Assinalam-se:
O ponto simples
O ponto parágrafo
O ponto final
3) Pausa que serve para frisar uma intenção ou estado emotivo. Mostram-na:
O ponto de interrogação ( ? )
O ponto de exclamação ( ! )
As reticências (...)
9 - VÍRGULA
Usa-se a vírgula:
1) Para separar os termos da mesma função, assindéticos.
Exemplos:
“(...) vieram os Goncourts, os Daudets, os Baudelaires, os Banvilles, os Zolas, os impressionistas, os naturalistas, os realistas, os simbolistas ... imaginando, forjando engendrando, importando, amalgamando, tumultuando, carreando, golfando para o vocabulário, para a sintaxe, para a rua, para as letras, para a especulação, para o trabalho, para a vida uma torrente de formas inesperadas, cambiantes, revolucionárias...” (Rui Barbosa)
“Era o nada, a aversão, do caos no cataclismo.
A sincope do som no páramo profundo.
O silêncio, a algidez, o vácuo, o horror do abismo...” (Olavo Bilac)
è Nota – Havendo a conjunção e entre os dois últimos termos, suprime-se a vírgula.
“Sem pressa, sem pesar, sem alegria.
Sem alma, o tecelão, que cabeceia.
Carda, retorce, estira, asseda, fia.
Doba e entrelaça, na infindável teia” (Olavo Bilac)
2) Para isolar o vocativo:
“Deixe-me, senhora.” (Machado de Assis)
“Ó meu Amor, que já morreste,
Ó meu Amor, que morta estás!
Lá nessa cova a que desceste,
Ó meu Amor, que já morreste,
Ah! Nunca mais florescerás?!” (Cruz e Sousa)
“Varrei os mares, tufão!...” (Castro Alves)
3) Para isolar o aposto:
“Matias, cônego honorário e pregador efetivo, estava compondo um sermão...”(Machado de Assis)
“Dou-te meu coração irreverente,
Meus penachos de Cid, o Campeador...” (José Oiticica)
“Não se deve julgar o homem por uma só ação, senão por muitas.”(Carneiro Ribeiro)
“Fiquem-se com o Senho, que eu vou-me” (Castilho)
“Ou o conhece, ou não” (Vieira)
è Nota – Quando à conjunção mas, se for muito frisante o sentido adversativo, pode-se usa o ponto e vírgula.
Exemplo: “Defenda-se; mas não se vingue” (José Oiticica)
4) Para isolar as conjunções adversativas porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo; e as conjunções conclusivas: logo, pois, portanto
“Contudo, ao sair de lá, tive umas sombras de dúvida...” (Machado de Assis)
“Nada diminuía, portanto, as probabilidades do perigo e a poesia da luta” (Rebelo da Silva)
5) Para separar as orações consecutivas:
Exemplo: “(...) e o fulgor das pupilas negras fuzilava tão vivo e por vezes tão recobrado, que se tornava irresistível.” (Rebelo e Silva)
6) Para separar as orações subordinadas adverbiais (iniciadas pelas conjunções subordinativas não-integrantes), quer antepostas, quer pospostas à principal.
Exemplos:
“Juro que ela sentiu alívio, quando os nossos olhos se encontraram...” (Machado de Assis).
“Enquanto o senho escarneceu o feitio das minhas botas, estava no seu ofício e no seu direito. Das Botas acima não.” (Camilo Castelo Branco)
10 - PONTO E VÍRGULA
Emprega-se o ponto e vírgula:
1) Para separar as várias parte distintas de um período, que se equilibram em valor e importância.
Exemplos:
“Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (Vieira)
“O homem transfigura-se. Impertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu achamboado reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento inesperado de força e agilidade extraordinárias.” (Euclides da Cunha)
2) Para separar as séries ou membros de frases que já são interiormente separas por vírgulas.
Exemplo:
“Uns trabalhavam, esforçavam-se, exauriam-se, outros folgavam, descuidavam-se, não pensavam no futuro” (Júlio Nogueira)
3) Para separar os diversos considerandos ou os itens de uma lei de um decreto, de uma exposição-de-motivos, etc.
Exemplos:
“Art. 12 Os cargos públicos são providos por
I – Nomeação; V – Readmissão;
II – Promoção; VI – Reversão;
III – Transferência; VII – Aproveitamento.”
IV – Reintegração;
11 - DOIS PONTOS
Empregam-se os dois pontos:
1) Antes de uma citação.
Exemplo:
“O projeto formula deste modo o art. 494:
Se mais de uma pessoa possuir cousa indivisa, ou estiver no gozo do mesmo direito, poderá cada uma exercer sobre o objeto comum atos possessórios...” (Carneiro Ribeiro)
2) Antes dos apostos discriminativos.
Exemplo:
“A sala.... possuía a mobília simples, costumeira, da vida rústica: o relógio de parede, a mandolina sobre a mesa, a espingarda num dos cantos, algumas cadeiras e bancos rudes para assento.” (Afrânio Peixoto)
“Três cousas me assombraram: terem eles embarcado em tal jangada, não haverem dito nada ao capitão e, sobretudo, terem levado a pobre criança.” (José Oiticica)
3) Antes de uma explicação ou esclarecimento:
Exemplo:
“O padre reza: a estola é de uma cor que chora:
Roxa como a saudade astral dessas olheiras
Onde correm de novo as lágrimas de outrora...” (Alphonsus de Guimarães)
“Foi pó e há de tornar a ser pó? Logo é pó. Porque tudo o que vive nessa vida não é o que é: é o que foi, e o que há de ser.” (Vieira)
“Mostra. Abre as folhas: a água rebrilhando
Lá está...” (Alberto de Oliveira)
4) Depois de um verbo dicendi (disse, perguntou, respondeu, acrescentou, etc...), em frases de estilo direto:
Exemplos:
“Quando, num dia calmo, eu vim ao mundo,
Minha mãe, santa e nobre flor de lis,
Disse olhando os meus olhos bem no fundo:
- Meu filho, hás de ser bom e ser feliz!” (Olegário Mariano)
“Alguém te disse: - Reza. É bom para que esperes.” (Alphonsus de Guimarães)
“Ontem, na tarde loura de aguarela,
Alguém me perguntou: ‘Como vai ela?
Como vai teu amor? ‘- Eu respondi:
‘Não sei. Uma mulher passou na minha vida...
Não me lembro...’E, nessa hora comovida,
Como nunca lembrava-me de ti!” (Menotti del Picchia)
“Bradei: - ‘Que fazes ainda no meu crânio?” (Augusto dos Anjos)
12 - PONTO SIMPLES, PARÁGRAFO E FINAL
1) O ponto simples é usado:
a) Nas abreviaturas:
V. Exª - Sr. – D.F.
b) No final das orações independentes:
“Faz frio. Há bruma. Agosto vai em meio.” (Vicente de Carvalho)
No final de cada oração ou período que, associados pelo sentido, representarem desdobramentos de uma só idéia central - , sem mudança sensível, portanto, do teor do conjunto.
2) O ponto parágrafo, ao contrário, é de rigor quando, concluída uma unidade de composição, se vai iniciar outra de teor diferente.
3) O ponto chama-se final quando com ele se encerra definitivamente o trecho.
13 - PONTO DE EXCLAMAÇÃO
1) Usa-se depois de qualquer palavra, expressão ou frase, na qual, com entoação apropriada, se indique espanto, surpresa, entusiasmo, susto, cólera, piedade, súplica.
Exemplo:
“Sim! Quando o tempo entre os dedos
Quebra um século, uma nação,
Encontra nomes tão grandes,
Que não lhe cabem na mão!” (Castro Alves)
2) Emprega-se, também, depois das interjeições e dos vocativos intensivos.
Exemplo:
“Ah! Cumpra-se o fadário que me espera...” (Luís Carlos)
“Oh! Se Carlos soubesse...” (Júlio Dinis)
è Nota – A interjeição de espanto (oh!), que se escreve com h, é sempre seguido de ponto de exclamação.
Já a interjeição de apelo (ó), não o admite depois de si: a notação vem só depois do vocativo.
Exemplo:
“Ó meu filho, meu filho! Replicou frei Hilarião.” (Alexandre Herculano)
14 - PONTO DE INTERROGAÇÃO
1) Usa-se nas interrogações diretas e nas indiretas livres. Depois de palavras, expressões ou frases, marcadas, na pronúncia, por entoação ascendente.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo)
2) Nas interrogações indiretas puras, não há sinal gráfico, nem entoação ascendente.
Exemplo:
“Não é fácil sondar o que as gerações futuras hão de pensar sobre os escritores e os poetas hoje.” (Múcio Leão)
è Nota – Às vezes, aparecem juntos o ponto de interrogação e o de exclamação, quando há concomitantemente entoação interrogativa e exclamativa.
Exemplo:
“Porque para este cemitério vim?!
Porque?! Antes da vida o angusto trilho
Palmilhasse, do que este que palmilho
E que me assombra, porque não tem fim!” (Augusto dos Anjos)
15 - RETICÊNCIAS
Empregam-se as reticências:
1) Para indicar, nas citações, que foram suprimidas algumas palavras. Isto acontece quando, transcrevendo um trecho longo, não o apresentamos integral; omitimos o que não interessa imediatamente aos nossos propósitos.
Usadas no início da citação, servem de mostrar que o lanço transcrito pertence a uma frase que não foi copiada desde o princípio. Por isso, começa-se com letra minúscula.
Usadas no fim, são sinal de o termo da citação não coincidir com o fim da frase de onde ela foi tirada.
Exemplos:
“Lebréus, galgos, podengos e toda a demais cainçalha patrulhavam, noite e dia, por morros e devesas” (Rui Barbosa)
Se, por acaso, quiséssemos abonar o coletivo cainçalha com um exemplo de Rui Barbosa, poderíamos, em vez de transladar o trecho inteiro, escrever somente assim:
“...cainçalha...”
Ou desta forma, dando sentido à frase:
“...galgos... e toda a demais cainçalha patrulhavam... por morros... (Rui Barbosa)
2) Para indicar uma interrupção violenta da frase, que fica truncada ou incompleta.
Exemplo:
“- Trinta e oito contos, disse ele:
- Am? ... gemeu o enfermo.
3) Para indicar, no corpo da frase, pequenas interrupções que mostram hesitação, ou dúvida, ou fatos que se sucedem espaçadamente.
Exemplos:
“- Então veio muito tarde?
- Julgo que... às duas horas... balbuciou Jenny.” (Júlio Dinis)
“- Este mal... pega, doutor?” (Alfredo Taunay)
4) Para indicar, no fim de uma frase gramaticalmente completa, que o sentido via além do que ficou dito. Têm as reticências larga vida na poesia, pelo seu grande poder de sugestão.
Exemplo:
“Olha a vida, primeiro, longamente, enternecidamente
Como quem a quer adivinhar...
Olha a vida, rindo ou chorando, frente a frente,
Deixa, depois, o coração falar...” (Ronald de Carvalho)
5) Para indicar que o pensamento enveredou por caminho imprevisto, inesperado, decaindo, geralmente, para o chiste ou para a ironia.
Exemplo:
“Quando moço elegante e perfumado
Que ainda, imponente, de automóvel... fiado,
Porque lhe faltam níqueis para o bonde!” (Bastos Tigre)
è Nota – Conjugam-se as reticências como ponto de interrogação (?...) e com o de exclamação (!...), quando, num dos casos citados, há dúvida ou espanto.
TEMAS IMPORTANTES PARA A REDAÇÃO
190º ANIVERSÁRIO DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS
Cento e noventa anos de existência!
Raras são as instituições brasileiras capazes de afirmar o mesmo.
Lealdade e disciplina foram as razões que levaram a Bragada Real da marinha, nossa origem, a permanecer no Brasil quando o regresso da Família Real para Portugal; foram, também, os valores que nos permitiram cumprir o dever nos momentos difíceis em que fomos chamados, seja participando das lutas pela consolidação da independência, seja combatendo lado a lado com os imperiais marinheiros nas campanhas do Prata, seja durante os conflitos político-militares do período republicano ou, mais recentemente, em cumprimento a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil, atuando em busca da paz em São Domingos e Angola.
Os notáveis exemplos de coragem, disciplina e senso de dever dos Fuzileiros Navais que combateram em Paissandu, Tonelero, Riachuelo e Humaitá, perpetuados nas denominações de nossos batalhões, forjaram nossa obstinada determinação em assegurar que, onde houver um Fuzileiro Naval, ali, há de haver, sempre, disciplina, lealdade e um profundo amor à Marinha do Brasil. Essa determinação, orgulhosa crença compartilhada por todos os Fuzileiros Navais, caracteriza nosso espírito de corpo, legado maior que não temos o direito de macular.
Estou consciente que a tarefa não é simples; as inquietudes do tempo em que vivemos geram dificuldades de toda sorte, mormente, quando, em face do longo período de paz que o Brasil, felizmente, vive, muitos, desconhecendo as lições da História, questionam nossa existência, sonhando com um mundo utópico de concórdia. Esquecem-se que, se há glória militar em vencer batalhas, muito maior grandeza há em evitá-las, mercê de um preparo profissional que desestimule vontades antagônicas de buscar, no campo militar, a solução de conflito de interesses. Eis, em síntese, nossa razão de ser.
Fuzileiros Navais, dificuldades, contudo, nunca nos esmoreceram, muito pelo contrário; somos homens afeitos a transformá-las em desafios estimulantes. Superá-los tem sido nossa tradição. Por isso, estou certo que os estorvos atuais não nos paralisarão; crentes e confiantes nos nossos ideais, haveremos de continuar a escrever nossa História com honra e dignidade.
ADSUMUS.
EQUIPAR-SE, É PRECISO!
A Marinha concorda que a possibilidade de o Brasil se envolver em uma guerra, na atual conjuntura internacional, é bastante remota; assim como era impensável, até poucos dias antes da ocorrência, a invasão das Malvinas, a invasão do Panamá, a invasão de Granada, a invasão do Kuwait, a Guerra da Bósnia e outros conflitos e surpresas do cotidiano internacional, como a inesperada queda do Muro de Berlim, por exemplo.
Há apenas quinze anos, nada disso havia acontecido. O que, na verdade, não muda o fato de que, no presente, o Brasil não consegue identificar nenhuma ameaça iminente. Entretanto, se por um lado não há ameaças, por outro, há interesses nacionais e, sendo a potência emergente do porte que é, dificilmente poderá o país continuar disputando espaços e mercados sem despertar antagonismos, dos quais , as pressões da Alca sobre o Mercosul são mero exemplo. E, desde que o mundo é mundo, quer entre pessoas, que entre nações, a origem dos conflitos está no choque de interesses. É claro que, como manda o bom figurino, os povos devem apelar sempre para a solução pacífica das controvérsias. Por outro lado,. O recuso a tal expediente será tão mais atraente quanto menos convidativa a via militar.
Exemplo interessante ocorreu recentemente entre Canadá e Espanha, dois países do chamado Primeiro Mundo, ambos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN): segundo o Canadá, a Espanha realizava pesca predatória em águas adjacentes aos bancos da Terranova. Esta alegava estar em águas internacionais, fora de qualquer jurisdição canadense. O Canadá, certo ou errado, enviou navios de guerra para impedir a ação dos pesqueiros espanhóis e, assim, impor sua vontade. Como a Espanha também possui Marinha e enviou seus navios para a área do litígio, ambos concordaram que a mesa de negociação poderia levar a melhores resultados. A lição que fica é a de que, se a Espanha não dispusesse de Marinha, teria de submeter-se à pressão militar do Canadá. Em 1963, o próprio Brasil viveu episódio semelhante com a França, que realizava pesca predatória da lagosta no litoral do nordeste brasileiro e, em resposta aos nossos protestos, enviou um navio de guerra para garantir a atividade dos pesqueiros. A chegada da Esquadra brasileira à cena de ação, a despeito da impossibilidade de vencermos qualquer guerra contra a França, mudou o curso dos acontecimentos, levando a disputa para o foro diplomático adequado.
Como observado nos exemplos, os conflitos surtem inesperadamente, como que do nada. Já as Forças Armadas, existem ou não. Não há como improvisá-las. Um navio de guerra, por exemplo, uma vez tomada a decisão de obtê-lo, leva cerca de cinco anos, entre projeto, construção e aprestamento, para tê-lo pronto. A formação de pessoal, em todos os níveis, leva bem mais, enquanto que o desenvolvimento de um adequada cultura de emprego é assunto para mais de século. Não é, absolutamente, um problema só nosso. É assim no mundo inteiro.
Quanto ao que foi apresentado da pergunta, isto é, como a Marinha fará para convencer a sociedade do que ela precisa, é realmente tarefa árdua, mas será que é problema só da Marinha, ou mesmo, das Forças Armadas convencer a sociedade? Diferentemente do que é praticado no Brasil, a Defesa não é problema dos militares. É problema da nação, dos políticos, dos segmentos esclarecidos e de todas as camadas sociais, A discussão desses assuntos deve, necessariamente envolver a todos, o que inclui, sobremodo, a Imprensa. Na visão da Marinha, a solicitação da presente entrevista, por parte desse jornal, reveste-se de especial significado, em razão do que, coloca-se, desde logo, à disposição para prestar, a qualquer tempo, todas as informações que venham a ser solicitadas.
A QUALIDADE DE VIDA NA CIDADE E NO CAMPO
É de conhecimento geral que a qualidade de vida nas regiões rurais é, em alguns aspectos, superior, à da zona urbana, porque no campo inexiste a agitação das grandes metrópoles, há maiores possibilidades de se obterem alimentos ade1uados e, além do mais, as pessoas dispõem de maior tempo para estabelecer ralações humanas mais profundas e duradouras.
Ninguém desconhece que o ritmo de trabalho de uma metrópole é intenso. O espírito de concorrência, a busca de se obter uma melhor colocação profissional, enfim, a conquista de novos espaços lança o habitante urbano em meio a um turbilhão de constantes solicitações. Esse ritmo excessivamente internos torna a vida bastante agitada ao contrário do que se poderia dizer sobre os moradores da zona rural.
Por outro lado, nas áreas campestres há maior quantidade de alimentos saudáveis. Em contrapartida, o homem da cidade costuma receber gêneros alimentícios colhidos antes do tempo de maturação, para garantir melhor durabilidade durante o período de transporte e comercialização.
Ainda convém lembrar a maneira como as pessoas se relacionam nas zonas rurais. Ela difere da convivência habitual estabelecida pelos habitantes metropolitanos. Os moradores das grandes cidades, pelos fatores já expostos, de pouco tempo dispõem para alimentar relações humanas mais profundas.
Por isso tudo, entendemos que a zona rural propicia a seus habitantes maiores possibilidades de viver com tranqüilidade. Só nos resta esperar que as dificuldades que afligem os habitantes metropolitanos não venham a se agravar com o passar do tempo.
A PENA DE MORTE
Cogita-se com muita freqüência, a implantação da pena de morte no Brasil. Muitos aspectos devem ser analisados na abordagem dessa questão.
Os defensores da pena de morte argumentam que ela intimidaria os assassinos perigosos, impedindo-os de cometerem crimes monstruosos, os quais costumeiramente temos notícia. Além do mais, aliviaria, em certa medida, a superlotação dos presídios. Isso sem contar que certos criminosos, considerados irrecuperáveis, deveriam pagar com a morte por seus crimes bárbaros.
Outros, porém, não conseguem admitir a idéia de um ser humano tirar a vida de um semelhante, por mais terrível que tenha sido o delito cometido. Há registros históricos de pessoas executadas injustamente, pois as provas de sua inocência evidenciaram-se após o cumprimento da sentença. Por outro lado, a vigência da pena de morte não é capaz de, por si, desencorajar a prática de crimes: estes não deixaram de ocorrer nos países em que é ou foi implantada.
Por todos esses aspectos, percebemos o quanto é difícil nos posicionarmos categoricamente contra ou a favor da implantação da pena de morte no Brasil. Enquanto esse problema é movida de debates, só nos resta esperar que a lei consiga atingir os infratores com justiça e eficiência, independentemente de sua situação socio-econômica. Isso se faz necessário para defender os direitos de cada cidadão brasileiro das mais diversas formas de agressão das quais é hoje vítima constante.
MENORES ABANDONADOS E INFRATORES: COMO RESOLVER O PROBLEMA?
O principal problema de emperra a aplicação do Estatuto do Menor é a falta de trabalho assistencial efetivo junto as famílias dos menores carentes. Não adianta mil programas de ressocialização se as famílias não colaborarem espontaneamente.
Nos institutos destinados a recuperar menores, misturam-se, no mesmo ambiente, o batedor de carteira e o assassino, sempre à beira de rebeliões e insubordinação.
Já o Estatuto do Menor garante a todos os brasileiros de zero a 17 anos, com absoluta prioridade, direito à vida, à saúde, à alimentação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, o que faz parte dos 267 artigos, quase todos utópicos, não protegem o abandono dos crimes, não asseguram nova vida para aquele que se acostumou a ter arma nas mãos, nem protegem os cidadãos comuns que ficam expostos a mais um perigo.
Acredita-se, convictamente, que o programa do governo de descentralizar o sistema, com construção de Centros de Atendimentos Intensivos para a ressocialização de infratores em potencial com os criminosos adultos seria uma das grandes soluções para diminuiu o número de menores abandonados e infratores. É preciso a reformulação do Estatuto dos Menores, pois é uma peça complexa que até agora não disse a que veio.
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