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Isso sim, é força de vontade!

POTIGUAR REALIZA FILME COM RECURSOS PRÓPRIOS RETRATANDO REALIDADE LOCAL

A diferença entre sonho e realização pode estar menos distante do que parece. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico, não é mais preciso que se repita a história de conto de fadas de Cinema Paradiso: o menino da "cidade pequena" que sonha com cinema que precisa ir morar na "cidade grande" para realizar seu sonho. No século XXI, ainda há muitos meninos do interior que desejam ser cineastas, mas agora é possível para eles realizarem essa vontade sem ter que ir para muito longe.



É o caso do alexandriense José Gomes da Silva Filho, mais conhecido como J. Gomes. Apaixonado pela arte e pela comunicação desde a infância, dedicou-se ao meio para o qual considera ter nascido. É jornalista, radialista e cineasta. Em 1999, por ter se destacado na área em sua cidade, foi chamado para trabalhar numa filial da Rede Record, em Mato Grosso, onde passou dois anos. Foi quando se especializou, aprendeu a roteirizar, manejar câmera, editar.
Voltou para Alexandria em 2001. Começou a se dedicar a atividades para promover a cultura no município. Trabalhou muito com cinema itinerante e criou um telejornal local em fitas VHS, o TV Cidade Interativa. O programa era semanal: gravava-se numa fita as notícias recolhidas dentre os sete dias disponíveis e saía, após um tempo de edição, distribuindo cópias nas casas. "Era uma espécie de jornal televisivo delivery", diz Jota Gomes.
Depois disso, passou às transmissões ao vivo. Isso mesmo: programação local em Alexandria em tempo real. Como? "Aluguei um transmissor de um rapaz de Catolé do Rocha. Jogava ilegalmente o sinal no canal 13 para televisões locais. Transmitia especialmente os momentos de carnaval, em fevereiro". A despeito do grande sucesso, a empreitada não deu certo. "Isso porque como a cidade é pequena, as esposas reconheciam na TV os maridos, que saíam escondidos para o carnaval. Bêbados, alguns davam até entrevista". Por causa do excesso de confusões, teve que acabar com o programa.
Foi então que lhe ocorreu a frase de Glauber Rocha. Com câmera e aparelho de edição em mãos, pensou: "Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça". Para compensar o vazio da falta de transmissões no carnaval, queria fazer uma homenagem ao evento, mas com um tema local. Inicialmente, pensou num filme chamado "Antonio Bento, o anjo carnavalesco". Seria uma narrativa sobre um dos personagens alexandrienses mais famosos. "Antonio Bento foi uma grande personalidade. Ele que trouxe o carnaval para Alexandria nos anos 30. Inspirou no evento que viu em Campina Grande, cidade onde morou por um tempo. Foi uma grande figura. Brincou carnaval até o fim da vida".
Desistiu por falta de material disponível. "Seria preciso muita produção, materiais da época, era inalcançável". Para não desistir de fazer um filme, elaborou um roteiro. Foi aí que surgiu "Inácio Guarapa: Um matuto sonhador". O filme é uma comédia matura. Conta a saga de um sertanejo sofrido que vive de sonhos e por isso enfrenta situações hilárias em sua vida. As gravações ocorrem na área rural e também na cidade de Alexandria. Os moradores da cidade já vivem a expectativa do lançamento do filme que deve acontecer no final de novembro para o início de dezembro deste ano.
As gravações começaram no final de agosto e a produção foi toda financiada por Jota: R$ 14 mil. O cineasta vai procurar patrocinadores para o lançamento (previsto para dezembro) a fim de pelo menos diminuir as despesas de exibição. O filme vai rodar pelo Oeste potiguar, em cinema itinerante. "O povo vai gostar muito, está ficando lindo". Por que investir tanto dinheiro num empreendimento sem retorno financeiro? "Amigo, é o amor", diz Jota Gomes emocionado.


Fonte: Jornal O Mossoroense/ blog do Clístenes Carlos







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