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Neymar, o perna de pau mental


Poucas vezes – talvez nenhuma – tenha visto com meus próprios olhos um jogador transbordar, tão cedo, tanto talento. Na mesma proporção, nunca vi um jogador demonstrar tanta arrogância, e desrespeito tão agressivo, numa carreira que mal começou.
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Neymar é um perna de pau da cabeça.
Esconder-se atrás da desculpa da pouca idade é tão simplista quanto hipócrita. E não me venham com comparações toscas com outros históricos “bad-boys” debochados, como Edmundo, Edilson, Djalminha, Renato Gaúcho, Romário, etc. Estes foram jogadores fora de série, trilharam longos caminhos de brilho antes de cometer excessos. Erraram algumas vezes; mas nunca – NUNCA! – de forma tão moleque, no pior sentido da palavra, como Neymar contra o Atlético Goianiense. Nunca desrespeitaram de forma tão ostensiva, repetida e presunçosa um adversário. O que foram aquelas longas reboladas, pedaladas e piruetas grotescas sobre a bola, de frente para um colega de profissão?!
Neymar acha mesmo que se parece com Robinho? Aquele, das célebres pedaladas, objetivas e em direção ao gol, genuinamente artísticas, que deram um toque mágico ao Santos Campeão Brasileiro de 2002? Não, Neymar pode até querer brincar de imitar Robinho. Mas é melhor fazer dentro de casa – de preferência escondido – ou nos rachões com os vizinhos. Mas para ser – apenas – um jogador de futebol mediano (ou quem sabe o craque que já imagina ser), tem que comer muito feijão com arroz. Tá muito, muuuuito cedo pra arrotar caviar.
O pior da história é perceber como horas após o jogo, já em casa, de cabeça fria, o menino ainda escreveu mensagens debochadas e dissimuladas em seu Twitter, desdenhando e dando risada.
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Mas afinal, estava rindo do que o Neymar?
Das desculpas que planejou pedir fria e calculadamente no dia seguinte? A mim, não convenceram. Neymar só o fez depois de ver a imensa repercussão negativa do caso e de perceber o quanto isso o prejudicaria no clube. Ele foi orientado – corretamente, claro – a pedir perdão; estrategicamente o fez. Mas obviamente não compreende verdadeiramente a gravidade do caso. Reduziu seus pecados à discussão ridícula com o chefe, a quem desrespeitou e desacatou. Mas se tivesse noção do tamanho do papelão, não teria se dirigido apenas “a quem gosta de futebol, à torcida do Santos, aos companheiros e a Dorival”. Deve ter pensado: “pronto, limpei minha barra”.
Mas a vida, Neymar, é bem mais do que se equilibrar no emprego, ficar bem com os camaradas e bajular o chefe.
Faltou pedir desculpas honestas e essenciais aos jogadores e ao técnico do Atlético-GO, humilhados por palhaçadas gratuitas.
René Simões acertou em cheio ao reclamar de forma educada, porém dura. A questão saiu da esfera esportiva e virou humana. René e seus briosos jogadores – que ganham bem menos, mas têm carne, osso e sangue iguais ao de Neymar – não estavam ali para ser coadjuvantes, bobos da côrte, da comédia pastelão protagonizada pelo menino mimado e milionário da Vila.
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Estou sendo muito duro com Neymar? Talvez, mas estou à vontade: já o elogiei muitas vezes, aqui mesmo. Ainda outro dia o defendi de gente que não gostou do lençol que deu num adversário caído. Mas tudo tem limite. E pra mim, que acho que sem respeito não se vai à esquina, ele extrapolou todos, e muito.
Neymar precisa entender que se um dia quiser chegar aos pés – sim, aos pés – de Pelé, Zico, Sócrates, Ronaldo, Rivellino, Kaká, Garrincha, Nilton Santos, Gerson, entre tantos outros… terá que não apenas jogar muito – e não duvido que jogue – mas,principalmente, aprender que antes de se tornar um craque, precisa se tornar um HOMEM. E um ATLETA; de verdade. Aquele que compete com ética, e respeita seus iguais.
Neymar ainda conhece pouco o sabor da derrota. Mas para não amargá-lo pelo resto da vida, precisa urgentemente aprender a ganhar.
Fonte:http://globoesporte.globo.com/platb/ilanhouse/

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