Músico também conta que deixou o pai ensaguentado com golpes de violão.
Autobiografia '50 anos em mil' foi escrita com o jornalista Claudio Tognolli.A autobiografia de João Luíz Woerdenbag Filho, lançada neste mês, tem quase 600 páginas, sendo que outras mil foram limadas antes da edição final, feita com o auxílio do jornalista Claudio Tognolli. “Talvez use algumas histórias para a versão do iBook e do audio book”, adianta o músico, em entrevista por e-mail ao G1.
Só mesmo um calhamaço para dar conta de toda a história de Lobão, que começa a ser contada a partir da “homenagem” a Julio Barroso, em 1984. O dia em que ele e Cazuza cheiraram cocaína no caixão do amigo falecido, líder do grupo Gang 90 e as Absurdettes, assume o papel de prólogo de “Lobão - 50 anos em mil” (editora Agir). Cazuza, amigo presente em fotos e em histórias que dão corpo à obra, é outro coadjuvante, assim como as bandas pré-carreira solo: Vímana e Blitz, a quem Lobão diz ter dado o nome, por mais que o cantor Evandro Mesquita não confirme o batizado.
Ao descrever sua “epopeia” – nas palavras de Lobão – com Herbert Vianna, o músico afirma no livro nunca ter sentido tanto ódio em sua vida. “Consegui achar um tom adequado pra falar desse assunto”, comemora. A relação com o vocalista dos Paralamas do Sucesso é retratada com citações de plágios e com a descrição do primeiro encontro amistoso. Lobão escreve que mudou sua forma de compor, de tocar e de cantar por ter sido "infernizado por Herbert". Por meio de sua assessoria, o líder do Paralamas disse que prefere não falar sobre isso.
No livro, é fácil imaginar a voz de Lobão narrando os casos, por conta da opção de preservar “léxico e a sintaxe peculiares e autorais" do biografado, segundo nota do editor. Por que optaram por esse jeito de contar a história? “Porque assim eu exigi e todos concordaram por justamente sentirem o mesmo que você sentiu: um personagem vivo, falando coloquialmente.”
O cantor também publicou letras de duas canções inéditas “Das tripas coração” e “Song for Sampa”, além de liberá-las para download gratuito por meio de seu site. “Eu pedi a editora por ter feito duas músicas sob o impacto do que escrevia”, conta. “Percebi que uma era o prólogo do prólogo e outra, o epílogo do epílogo. É realmente cinematográfico escutá-las ‘dentro’ do livro... Além de terem sido gravadas no mesmo local em que o livro foi escrito, eu toquei todos os instrumentos e fiz os vocais.”
Lobão também esmiúça a saída conturbada de casa (que rendeu golpes de violão no pai que deixaram o homem desacordado e ensaguentado no chão) e o suicídio da mãe. As linhas escritas pelo músico foram aprovadas pelas pessoas que o cercam. “Todos que comentam sobre o livro se impressionam com o grau de doçura que a narrativa apresenta”, garante. “É um livro elegante, presumo. Não vou brincar com a história de uma vida que tenho tanto carinho e orgulho. Fazer uma autobiografia requer muita responsabilidade, atenção e generosidade no coração.”
Para ele, escrever foi algo “meio mágico” e o levou para “um planeta muito pessoal”. “Estou muito feliz com minha vida, com tudo o que me aconteceu. Caso contrário, não estaria apto a escrever o que escrevi.” Mas por que pontuar o livro com os tópicos de “Lobão na mídia”, com trechos de reportagens e notas compilados por Tognolli? É uma forma de legitimar seu relato? “Para justamente evitar que pessoas como você duvidassem de qualquer parte da história. Jamais poderia relatar certos episódios sem o auxílio da... Nossa mídia”, debocha. “Não há absolutamente nada no livro que eu me arrependa.”
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