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Abandonado à mercê do destino.

Alpinista do Rio sofre acidente em escalada na Argentina

Não houve resgate devido ao mau tempo na cidade argentina de El Chaltén.
De acordo com amigos, é pequena a chance dele estar vivo.

O alpinista Bernardo Collares Arantes, presidente da Federação de Montanhismo do Estado do Rio de Janeiro (Femerj) e vice-presidente da Confederação Brasileira de Montanhismo e Escalada (CBME), sofreu um grave acidente em uma montanha no sul da Argentina. Ele fraturou a bacia quando escalava com a amiga e também alpinista Kika Bradford durante expedição ao Monte Fitz Roy, na cidade de El Chaltén, na Patagônia argentina.

“Eu não posso afirmar que ele já esteja morto, mas também não posso afirmar que esteja com vida. Ele está no alto da montanha, em um ambiente inóspito, frio. Existe uma possibilidade muito grande dele não estar mais vivo”, afirmou Júlio Mello, vice-presidente da Femerj.
Os dois alpinistas conseguiram chegar ao topo da montanha. O acidente com Bernardo aconteceu durante a descida da escalada. Kika, então, continuou descendo sozinha para buscar socorro.
Entretanto, o trajeto do cume do Fitz Roy até a cidade de El Chaltén não leva menos de dois dias. Na Patagônica argentina, no verão, mesmo sendo a época mais indicada para a prática da escalada, o tempo é traiçoeiro.
“Em El Chálten existem ventos muitos fortes e constantes. Em janeiro e fevereiro existem situações onde o clima fica mais estável, chamadas ‘janelas’, que os escaladores ficam aguardando para poderem, então, fazer os objetivos”, explica André Ilha, diretor de Biodiversidade e Áreas Protegidas do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e amigo de Collares.
Procurado pelo G1, o Itamaraty ainda não tem informações sobre o caso.
Reunião de alpinistas descartou resgate
A missão de resgate a um ferido pode se transformar em um risco para todos. “A única chance que haveria seria um resgate por via aérea, caso o tempo permitisse. Com os ventos, um helicóptero seria facilmente jogado contra as pedras, e destroçado, em um dia típico de El Chaltén. A única chance seria se coincidisse em uma dia sem ventos, que até ocorrem na região, mas são raríssimos”, explica Ilha.

“Não há informações sobre operações de resgate. Foi feita uma reunião entre escaladores do Brasil e da Patagônia, na qual concluíram que não poderiam fazer um resgate por causa das condições do tempo. Além disso, não haveria nem pilotos, nem helicópteros na região”, informou Mello.
Em um site de relacionamentos na internet onde Bernardo relatava a alegria da viagem, amigos deixavam mensagens de carinho, ressaltando que, à frente da Federação de Montanhismo do Rio de Janeiro, Bernardo conquistou muito mais do que topos de montanhas.
“Ele era um grande organizador do esporte em nível nacional e contribuiu muito no contato com órgãos públicos para fazer com que o esporte saísse de uma marginalidade e fosse melhor reconhecido. É uma perda irreparável”, concluiu André Ilha.
 
Fonte: G1

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