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Opinião: Progressão continuada não pode perpetuar erros do ensino



Novo secretário de Educação de SP anunciou mudanças no sistema.
Ouvir profissionais da rede é fundamental para conseguir melhorias. 


ilustração(Foto: Arte/G1)
Um povo consegue mudanças pela ação própria. Para isso, ele precisa se desenvolver de maneira autônoma e pensar sobre o mundo e as coisas. Só assim saberá do que realmente precisa, considerando não só a si, mas toda a coletividade. Livre de preconceitos e ideias erradas.
Para um país crescer e ser justo, é necessário que as pessoas que fazem parte dele tenham uma participação ativa. O que não significa todos tomando as decisões a todo o momento. Para isso, existem os representantes que são eleitos por voto direto.
Porém, é necessário que elas acompanhem os acontecimentos para que fiquem a par das decisões que são tomadas em relação às suas vidas. Em condições de discernir o que é necessário daquilo que não é. O que prejudica a população como um todo daquilo que propicia a ela uma vida digna, com condições de sempre se desenvolver mais. Com a compreensão de que a maior mudança dependerá muito mais de cada um que de qualquer outro.
O caminho para se ter um povo pensante e atuante é a educação. Sem uma educação de qualidade, principalmente a básica – que vai permitir que o indivíduo decida que rumo tomar de maneira consciente – não se chega a lugar algum. Esse é o grande desafio de qualquer governante.
Mesmo desafio que o governo de São Paulo diz ver na educação do estado. O novo secretário dessa pasta, Herman Voorwald, já pensa em mudanças na educação básica. Mas ainda chovendo no molhado.

Mesmo assim, elas vão se perpetuando, principalmente se o sistema não prevê ajuda específica e pontual para os alunos que não estão respondendo como o esperado. Às vezes, uma classe inteira tem dificuldade, necessitando de uma reformulação no modo como os professores estão propiciando o aprendizado.O que se sabe é que se pretende manter a progressão continuada, mas com uma diferença. No atual sistema, o aluno não pode repetir de ano (principal causa da evasão escolar), só podendo ocorrer nos 5.º e 9.º anos do ensino fundamental. Agora, a ideia é incluir um novo ciclo. Desta forma, consideram que as dificuldades dos alunos seriam mais rapidamente recuperadas.

Por isso, seria muito interessante certa autonomia dos professores em relação as suas ações. Com diretrizes bem definidas – todos em qualquer profissão precisam disso – mas com possibilidade de fazer o que é melhor para sua turma. Com recursos e suportes outros, como profissionais especializados em áreas afins que possam atuar com os alunos que não conseguem caminhar em seu aprendizado.
E um salário que permita ao mesmo professor ter uma vida digna, sem a necessidade de se desdobrar em várias escolas, chegando correndo aos seus compromissos. Um professor tem que se dedicar a sua turma. Construir com ela um jeito de ensinar e aprender. De verdade.
A educação básica é um desafio e tanto. De todo modo, parece que o novo secretário pretende fazer algo fundamental para realizar mudanças – ouvir a rede. Mais que ser algo democrático (afinal, vivemos em uma democracia!), não dá para ser de outro jeito. Só quem vive o dia a dia da sala de aula pode dizer das dificuldades e problemas enfrentados. E, é claro, sugerir o que pode ser feito – e o que dá para ser feito.
Outro aspecto interessante em seu discurso é que ele diz que pretende fazer as coisas sem pressa. É isso aí. Não dá para mudar nada da noite para o dia, principalmente na rede pública de ensino que é bastante grande. Basta lembrarmos de toda a confusão que foi o Enem. Boa sorte ao novo secretário e que ele consiga realizar as mudanças necessárias.
(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

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