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Literatura: Realismo

O Realismo marcou fortemente a literatura europeia na segunda metade do século 19. O amadurecimento das tendências que o caracterizaram deu-se a partir dos movimentos revolucionários de 1848. 

É importante assinalar que as relações do Realismo com o Romantismo são bem mais complexas dos que as de uma simples negação - existem no Realismo elementos de acentuada contestação do Romantismo, mas também de continuidade. 

Entre os principais escritores do Realismo destacam-se os franceses Balzac e Flaubert. 

Características 


  • O excessivo subjetivismo romântico é substituído pela descrição da realidade (e da relação do homem com a sociedade). 


  • Influência de movimentos políticos (socialismo, comunismo, anarquismo etc.). 


  • A ciência se afirma como único método para se conhecer, efetivamente, a realidade. 


  • Novos campos do conhecimento (como a sociologia e a psicologia) influenciam a literatura. 


  • O "eu" literário não será mais fruto da espontaneidade ou da emotividade, como no Romantismo, mas de uma reflexão muitas vezes aguda e sempre consciente dos limites que a sociedade impõe ao homem - e das angústias e insatisfações daí decorrentes. 

    Realismo no Brasil
    • As raízes do Realismo brasileiro remontam a Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida.
    • Lentamente, os escritores abandonam o verso condoreiro ou grandiloquente de Castro Alves e o idealismo de José de Alencar, com sua tendência a enaltecer o índio, transformando-o na figura do “bom selvagem” de Rousseau.
    • Passa a ocorrer uma tentativa de reconhecimento da realidade brasileira, acompanhada da reelaboração da linguagem.
    • Há uma diversificação das técnicas narrativas, seja na utilização do material regional como base da ficção, seja no estudo de individualidades e seus relacionamentos sociais.
    • O texto literário ganha autonomia. Não há mais um projeto nacional a lhe determinar o conteúdo ou a forma. O texto passa a ser obra de arte autônoma, cujo objetivo é, antes de tudo, exatamente esse: ser obra literária.

    Obras e autores 


  • O Ateneu, de Raul Pompeia: o discurso narrativo que compõe o mundo do pequeno Sérgio, levado pelo pai para um colégio interno (Ateneu), instaura, na verdade, um microcosmo que acentua e intensifica a realidade existente fora do colégio. É o primeiro romance a retratar, no Brasil, a adolescência. O autor mescla refinada psicologia e crítica aos valores da sociedade. 


  • Bom-Crioulo, de Adolfo Caminha: com traços naturalistas, o romance critica o castigo corporal, comum na Marinha da época, e faz um estudo do homossexualismo. É uma construção sóbria e precisa. 


  • Dona Guidinha do Poço, de Manuel de Oliveira Paiva: trata-se de uma anotação regional cuidadosa de ambientes e de usos da língua (inclusive das estruturas sintáticas). História trágica baseada em fatos reais. 


    Merece atenção especial o caso singular de Machado de Assis. Poeta, crítico, genial como contista e romancista, a obra machadiana estilhaça os esquemas literários da época, aprofunda as experimentações com a linguagem, torna mais complexa a sondagem do drama humano e demonstra preocupação inusitada com os elementos da própria narrativa (tempo, espaço, personagens, etc. se distanciam dos chavões da época). 

    A obra de Machado de Assis pretende, em sua essência, analisar o espírito humano e refletir sobre os valores que não pertencem apenas aos brasileiros, mas são patrimônio de todos os homens. E Machado o faz sem perder de vista a realidade brasileira, antecipando-se ao Modernismo e criando um texto ácido, no qual a ironia e a paródia são extremamente refinadas. 

    O núcleo narrativo machadiano é composto pelos romances: 


  • Memórias póstumas de Brás Cubas (1881): narrada por um defunto, a obra apresenta a vida do anti-herói Brás Cubas. Com alta carga irônica, Machado inova, inclusive, nos recursos gráficos. É um divisor de águas não só na obra machadiana, mas na própria literatura brasileira. 


  • Quincas Borba (1891): narra as desventuras do tolo Rubião, que chega a ser cômico em seu completo despreparo para a vida. Machado também aproveita o romance para fazer críticas irônicas ao darwinismo. 


  • Dom Casmurro (1899): obra de caráter ambíguo, com personagens complexos, a história é contada por um narrador que, gradativamente, vai se revelando pouco confiável, o que só aprofunda ainda mais a insegurança e as dúvidas do leitor. De maneira genial, Machado apresenta os limites e os paradoxos da linguagem por meio da própria linguagem. 

    Machado de Assis fundou a literatura brasileira enquanto entidade autônoma, desvinculada de um projeto nacional, e exatamente por isso madura, aberta ao diálogo com os valores universais da humanidade. 

    Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
    Fonte:educação.uol
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